domingo, 27 de dezembro de 2015

A cruz

Giovanna, na passagem do dia 24 pra 25 de dezembro, natal, arrumou uma mesa e falou para rezarem pra papai do céu. Essas coisas não me comovem, ela nem me chamou e fiquei de boas no sofá. Depois disso, ela pegou água e começou a fazer uma "cruz de Jesus" nas pessoas: molhava a mão e fazia uma cruz na testa das pessoas com o dedo molhado, e falava "cruz de Jesus". Chegou na sala, fez "cruz de Jesus" na Joyce. Chegou em mim: "titio, vem aqui"; olhei pra ela, ela já veio com a mão molhada pra cima de mim, aí pra não criar climão, já que meu avô tava do meu lado, abaixei a cabeça pra chegar perto dela. Ela fez a cruz na minha cabeça: "cruz do Mal pra você, titio!"
Eu, obviamente, ri pra caralho, ela continuou, fez uma "cruz do bem" no meu avô, virou pra mim e falou: "Ué, você não gosta de Jesus, cruz do mal pra você, ué..."
 O maneiro é que o "do Mal" é sem preconceito, aceitando o fato de eu não gostar.
Minha sobrinha é foda!

8:49

Foi apenas um minuto. Mas, sem querer ser clichê, sendo: pareceu uma eternidade. Rio de Janeiro, zona norte, subúrbio, braz de pina, um quartinho onde o sol faz questão de bater todas as manhãs, sem folga, na parede, tornando-a uma frigideira em potencial. Eram 8:49, horário para qualquer ser normal estar dormindo, e era o que fazia nosso amigo F., mesmo com um calor escroto, combatido apenas com um ventilador. Ao menos o mantinha vivo. Mas, como eu disse, eram 8:49, e ninguém saberia que eram 8:49 se todos continuassem dormindo; viraria 8:50, 9:00, e foda-se, vários minutos que nunca tive consciência da existência em minha vida; mas esse minuto, não; esse marcou.
Às 8:49 faltou luz. O ventilador parou. A respiração veio com dificuldade, parecia estar em uma fornalha. Nosso amigo F. pegou instintivamente o celular (porque, né, vai que tem o aplicativo daquela porra começar a girar e virar um ventilador) e foi aí que ele viu a maldita hora: 8:49. Praguejou e percebeu que havia faltado luz. Tentou virar pra cima, pra ver se deixava de derreter na cama; não adiantava. E então, uns vinte segundos após o ventilador parar, deu um estalo que trouxe a expressão do desespero para aquele recém-acordado (e então totalmente lerdo devido ao sono e ao calor) F.. Apenas agora ele percebia o horror daquela falta de luz: o ventilador parar apenas o faria levantar mais cedo, ficar de mau humor, mas mau humor era seu sobrenome mesmo, então nada que ficar na sombra tentando achar onde o vento bate mais não resolvesse. Mas tinha algo que parecia perdido, e o desespero aumentava, o que parecia aumentar-lhe o calor também; seu corpo parecia que iria explodir.
Então, lembrou-se da solução - ele estava lerdo, tinha acabado de acordar, relevem... - e a decisão estava em suas mãos: usar ou não usar o trunfo? Pensou um pouco e viu: dessa vez era necessário. Já usara tantas vezes por motivos menos nobres, porque regularia agora?
Pegou o celular. Ele já marcava 8:50. Foi em Ajustes; Celular. Olhou para o botão que conectaria o 3G; aguardou por um milagre. Fechou os olhos e direcionou o dedo para conectar. Ia pagar os R$ 0,99 que a Claro cobrava por aquela internet de merda. Decidiu-se, é emergência. E... Vruuuuuu... O ventilador voltou! A luz voltou! O dedo quase conectando voltou! O wi-fi voltou!!!
Pronto, agora ele poderia reclamar no facebook da falta de luz, do calor, do plano da Light de matar os cariocas, em complô com a CEDAE, fazendo faltar água num dia, luz no outro. Enfim. Foda-se o calor. O negócio é poder reclamar no Facebook!!

domingo, 20 de dezembro de 2015

Calor

Calor de assar rola na buceta.
Calor de suar o saco.
Calor de suar embaixo do peito.
Calor de deixar cueca com cheiro de cu.
Calor de melar peido.
Simplesmente, calor.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Meu saco não tem dentes...

Eu sou gordinho. Biotipo mesmo, nasci pra ser assim. Mentira, é porque além de gordo, sou preguiçoso. Não sei se sou preguiçoso porque sou gordinho, ou gordinho porque sou preguiçoso. Tipo Tostines. Enfim, o negócio é que se tem que fazer esforço físico para manter um corpitcho maneiro, valeu: prefiro suar fritando bacon num calor de 40º do Rio de Janeiro, bebendo um refrigerante para amenizar o calor. Tudo errado, nada saudável, vou morrer cedo por conta disso: eu sei! Mas foi a minha escolha, me maltratar e matar outros animais para me alimentar.
E ao mesmo tempo, DETESTO comprar roupas. Não o fato de pagar por roupas, o que também, confesso, me incomoda. Sou gordinho e pão-duro. Minhas roupas, se possível, uso depois de 20 anos; de preferência, roupas que ganhei. Mas estou falando sobretudo de camisas. Camisa é de boa. Compra uma G pra mim, que foda-se, eu uso. Quando eu era mais magro, as pessoas compravam P, M ou G, tudo cabia. Hoje em dia, as pessoas percebem que o P não rola, o M deixa aquele peitinho de pombo (mas se me derem, foda-se, uso), e o G fica maneiro. Camisa é mole. O foda é calça!
Ah, voltando ao assunto, DETESTO comprar roupas. E o pior é que existe um ritual nessa merda de comprar roupas, que é o escolher e o experimentar. BUCETA. Me manda fazer flexões no chão, no sol, mas não me manda provar roupas, cara. Muito menos calças! Tem muita coisa odiosa por trás de comprar calças hoje em dia. Inventaram mil tipos de calças: skinny, thin, e sei lá, outras que nem sei, e acho que sumiram com as normais. Eu só queria calças normais, que eu olhasse, soubesse meu número, e no máximo levasse pra experimentar o meu número e o número acima (porque, né, vai que esse bacon com refrigerante me engordou...), e pronto. Saía feliz e comprava a merda da calça. Feliz é o caralho, que eu não fico feliz comprando roupa. Mas porra, agora eu tenho que escolher o tipo, ver qual se aproxima mais da normal, uma aporrinhação a mais. Depois, entra no provador; tira o tênis; tira a roupa que tá; bota a calça; se ficar sobrando, põe o tênis pra ver como fica; tira o tênis se teve que colocar; tira a calça que experimentou; bota a outra calça pra experimentar se aquela não ficou legal; f(x) aquela porra toda aí se repete até você experimentar a última calça; tira a última calçå experimentada; bota a sua roupa; põe o tênis; sai puto da vida do provador; esgana o primeiro vendedor que te oferecer cartão da loja; paga a merda da calça; se mata.
Enfim, o foda é que eu queria ficar com as calças por 20 anos, como faço com as camisas, mas... lembrem-se do meu biotipo. Eu acho que as minhas pernas roçam demais entre si, não sei qual a safadeza delas, se buscam o orgasmo ou se fazem pra procriar, mas enfim... sempre embaixo do meu saco as calças rasgam. Parece que tenho dentes no saco.
Não tenho dentes no saco.
São minhas pernas gordinhas...


terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Sobre criança, consciência e mendigo

Giovanna passeando hoje comigo pelo Centro, viu um mendigo dormindo na rua, todo coberto.
- Ali, titio, essa pessoa mora na rua. Ela não tem casa!! E todo mundo passa, ninguém pega ela pra levar pra casa... Como é que pode, morar na rua, na rua, titio!
Eu, com a carcaça um pouco dura de ser uma dessas pessoas que não levam as que dormem na rua para casa, concordei, por ser um assunto que me dói...
- É, Giovanna... isso devia ser proibido, né, a pessoa não ter uma casa pra morar...
- Tadinhas delas, titio! Elas não tem casa pra morar! Imagina se fosse eu, morando NA RUA, sem nada pra comer, passando fome... Tadinhas delas, titio...
E eu percebendo que ela tem a mentalidade muito melhor do que muita gente adulta, me calei, simplesmente, perguntando qual exemplo eu poderia dar pra essa garota pra ela não perder esse senso de humanidade. Ela se coloca na pele das pessoas, ela tem a capacidade de saber que é errado porque ela não deseja isso pra ela, ela não vê como monstros por estarem com roupas maltrapilhas, o que é um ótimo começo. Mas ela cortou meus pensamentos, quase com uma resposta:
- Titio, um dia quero ajudar essas pessoas, vamos?
Eu chorei (veio a lágrima, não pisquei o olho pra não escorrer, e deixei o vento secar... mas eu sei que chorei...), e me sinto inútil. Fora comprar salgados para muleques que pedem quando estou em lanchonetes, ou preparar marmitas quando pedem em casa, nunca soube direito como ajudar as pessoas, e hoje simplesmente fui forçado a ver o como estou com essa camada fria de quem vê vários mendigos no centro e acabou se acostumando. E entro em parafuso, sem mensagem bonita, eu não ajudei ninguém hoje na frente dela. Preciso fazer algo para que essa vontade dela nunca morra. Pessoas morando na rua não deveria ser algo normal. Subvida não deveria ser algo normal. Eu vou dormir com esse peso hoje...

sábado, 5 de dezembro de 2015

Ceia de Natal


Noite de 24 de dezembro. Mesa farta. Jorge conversa com Noeli, sua sogra. Guilherme, filho de Jorge e neto de Noeli, brinca com Renato, seu primo, e conseqüentemente, sobrinho de Jorge e neto de Noeli. Os primos param perto da mesa e roubam pedaços de tender fatiado, colocando rapidamente na boca, para ninguém ver. Renato, o mais novo, cospe um belo pedaço mastigado no chão, e começa a sentir ânsia de vômito, o que chama a atenção dos presentes. Jorge interrompe sua conversa para dar a bronca:
- É, seu merdinha, quis roubar, agora come!! Tá vendo, olha a criação que o babaca do Pedro dá pro filho dele...
Dona Noêmia, mãe de Jorge e de Pedro, defende:
- Você já olhou o Guilherme? Tá com a boca cheia... problema de criação também?
Jorge vira as costas para a mãe e vai pegar mais uma cerveja. Elisa, mãe de Renato, finge que não ouve a provocação do cunhado e vai limpar as mãos do filho com um guardanapo.
*
Beto revira os poucos sacos de lixo que encontra nas ruas, vazias pela festa e pela chuva rala que caía. Prometeu à família que levaria comida para casa. Graça, sua esposa, aguardava com Letícia, a filha do casal, de 4 anos, famintas, quase dois dias sem comer uma refeição digna (que ao menos viesse em um recipiente).
Homem correto e tímido, Beto não tinha a desenvoltura para pedir comida nas casas, mesmo sabendo que estranhamente, nessa época do ano, as pessoas tendem a ser mais benevolentes. Acredita que o tal espírito natalino realmente pudesse o ajudar, mas não gostava de ser o “pedinte”; preferia procurar comida e contar com a sorte de alguém o ver nessas condições e oferecer algo.
Graça e Letícia tentam aquecer-se cobrindo-se com trapos de pano dentro de casa, um barraco simplório, que ao menos lhes servia para proteger da chuva.
A sorte não estava ao lado de Beto.
*
Pedro está quase gozando, enquanto Angélica cavalga em cima dele.
- É esse peru de natal que você quer, né? Eu fico feliz de comer galinha hoje!
Ela diminui os movimentos e abaixa para beijá-lo. Com um sorriso de canto de boca Pedro cola a boca no pescoço de Angélica, que por um segundo parece gostar, mas em seguida dá um tapa no rosto dele e levanta o torso, aumentando o nível das sentadas.
- Ô filho da puta, quer me marcar hoje, tá maluco?
Pedro ri, com as mãos firmes nas ancas de Angélica.
- Tá na hora de cair de boca no espumante...
Pedro tira o corpo de Angélica de cima do seu e se levanta. Angélica parece incomodada e caminha para longe dele:
- Que broxante, goza na mão, goza no chão, mas eu que não vou engolir porra de quem fica fazendo essas piadas de Ary Toledo.
Angélica sai correndo e se tranca no banheiro, virando apenas para ver a cara de desespero de Pedro, com o pau na mão.
*
Guilherme e Renato estão sentados na sala, de castigo. O avô Fausto assiste ao jornal na TV. As crianças tentam roubar o controle remoto do avô, que reclama:
- Calma, jovem. Depois do jornal eu dou esta merda pra vocês, só não quero que me encham o saco enquanto eu estiver... aí, já tá acabando. Tá aqui, ó, pega... Filho, que horas que a gente vai comer?
- Só estamos esperando o Pedro e a Angélica, pai. A Angélica ia passar na casa da prima antes, e o Pedro, só Deus sabe... tem que ver se não foi preso por aí... – Jorge respondeu, já pegando o celular para ligar para Angélica.
Dona Noêmia rebateu:
- Mas só fala merda esse garoto. Jorge, para de pinima com seu irmão...
Jorge não conseguiu falar com Angélica, pois o celular estava desligado ou fora da área...
- Mãe, vou dar um pulo ali para pegar a Angélica.
Jorge saiu após fazer o anúncio.
*
Beto estava cansado e com fome. Fome daquelas que você não sabe o que é, já que para dar para Graça e Letícia, acabou comendo quase nada nos dois últimos dias. Já estava ficando um pouco tonto, e resolveu tocar a campainha de uma casa, aceitando a derrota.
Tocou a campainha. Pelo portão vazado, dava para ver luzes na casa, dava para ouvir o som. Percebeu também quando, ao tocar pela segunda vez a campainha, as pessoas pareceram falar mais baixo, algumas luzes se apagaram, uma fresta da janela se abriu e cabeças apareceram empilhadas, uma em cima da outra, parecendo querer olhar quem tocava a campainha; percebeu quando mais luzes se apagaram, e até o som foi desligado enquanto ele ainda estava parado em frente ao portão. Percebeu que não era bem-vindo ali, que não queriam ninguém pedindo algo. Decidiu voltar aos sacos de lixo.
*

Pedro está dirigindo e olha descaradamente para as pernas de Angélica, que está usando um vestido curtíssimo que do modo como está sentada, deixa aparecer a calcinha de renda vermelha (e os pelos pubianos ruivos que escapam pela renda).
-Para de me olhar com essa cara de tarado...
Pedro sorri e bota a mão direita no meio das pernas de Angélica, pressionando com o dedo médio o centro da calcinha. Angélica faz uma cara de prazer, e Pedro se divide entre dirigir e movimentar o dedo. Angélica abre um pouco mais as pernas e Pedro com um movimento digital enrola a calcinha no dedo médio e tenta puxar a calcinha de Angélica.
- Para, Pedro, olha a palhaçada... A gente já está chegando.
- Hum, é só chegar na ceia de Natal que você vira santinha, é?
Pedro faz mais força para puxar a calcinha, ao mesmo tempo que vai parando o carro em frente ao portão da casa de sua mãe. Angélica fecha as pernas e segura o braço direito de Pedro com uma das mãos. Com a outra, ela abre a porta.
- Parou a brincadeira. Já fez o que queria, não é?
Pedro sorri, olhando fixamente para o meio das pernas de Angélica, onde ainda trava uma luta para tirar a calcinha dela. Ouve um som de Angélica batendo a cabeça, provavelmente na saída do carro, o que a faz abrir subitamente as pernas e desmontar como que desmaiada para fora do carro, e no que tenta acompanhar a queda da amante, percebe um par de pernas do lado de fora do carro.
- Que isso, a brincadeira está só começando, seu filho da puta!
E com um cabo de enxada, Jorge acerta o meio da testa do irmão, que desmaia no carro.
*
Beto desistiu de pedir, desistiu de catar lixo (provavelmente, só amanhã as sobras das ceias estarão à disposição dele e dos urubus), e estava voltando para casa. No entanto, o espírito natalino tem dessas coisas, ao passar por uma rua escura, enxergou um ponto iluminado, onde um saco preto refletia uma luz acobreada, uma mistura de cores que ficou realmente lindo, e o vento que batia no saco, fazia-o tremular, e a luz movia-se, em um movimento belo que enchia os olhos de Beto de emoção.
Ele decidiu que esse seria o último saco a ser visto. Sim, tinha esperança, talvez ele pudesse levar algo para comerem em casa, mesmo que fosse pouco. Aproximou-se do saco de lixo, abriu-o lentamente, e percebeu que era pesado. Ao abrir por completo e trazer o interior do saco à luz alaranjada, percebeu que havia fartura: carne, diversos pedaços! Beto chorou. Cheirou para ver se estava muito podre, embora soubesse que mesmo podre, serviria para ao menos matar a fome de Graça e Letícia, e dele também. Pois nem podre estava, podia sentir o cheiro: fresquinha! As lágrimas escorriam por seu rosto, ele não conseguia conter-se: certamente um presente do céu! Agradecia mentalmente, não sabia se ao espírito de natal, ao açougueiro que havia colocado aquilo ali, ou à entidade a quem era enviado o despacho: agradecia a todos! Fechou a sacola e partiu para casa, agora revigorado, feliz, forte. Nada mais o incomodava.
Beto conseguiu a ceia de Natal da família!
*
Dona Noêmia, Fausto, Noeli, Guilherme, Renato e Elisa continuam esperando Pedro, o marido de Elisa, e Angélica, a esposa de Jorge. E Jorge está lavando uma enxada, sem pressa alguma.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Quando o BG vira motivo de suicídio

Situação 1 - Loja de roupas, tipo C&A, Renner, Leader, Riachuelo, etc.
Você entra pra comprar uma roupa. Está precisando de calça, o que é um problema, porque calça não é camisa: você precisa experimentar, ou seja, vai perder mais tempo. E nessas lojas, sempre, sempre, a música que fica de fundo é repetitiva, incessante, irritante, repetitiva, repetitiva, repetitiva. Aí você está andando, com essa música REPETITIVAREPETITIVAREPETITIVA martelando na sua cabeça, e aparece um vendedor, do nada, "Já tem o cartão da loja, senhor?", você se assusta, diz não, e quando vira pra frente, outro vendedor, repete "Já tem o cartão da loja, senhor?", você olha desconfiado para ele, sentindo o dejavu da pergunta, somado à música repetitiva, e o vendedor repete "Já tem o cartão da loja, senhor?". E você num rompante de fúria sai chutando araras e jogando roupas para o alto, achando estar preso num mundo do cartão da loja. E o segurança vem pra cima de você, e você sabe que é o único normal naquele mundo, errado é quem aceita entrar numa loja dessas.

Situação 2 - Academia.
Você entra pra malhar, afinal, o verão vem aí, você quer ir à praia e as gordurinhas sempre são reparadas nesses ambientes de pessoas saradas e douradas pelo sol tropical. Até porque as gordurinhas dobram-se e criam pontos onde o sol não penetra, fazendo aquelas marquinhas de dobrinhas de gordinho, a pele de uma cor, as dobrinhas da gordura mais brancas... enfim, totalmente excludentes desse mundo feliz e carioca, mate leão, bixxxcoito Globo. Aí entrou na Academia, esqueceu o tocador de mp3. FU-DEU. A música é repetitiva, bate-estaca, tuntz tuntz. Repetitiva. Sempre, repetitiva. Você acha até que está ali para comprar uma calça, mas aí lembra que é uma academia. Aí começa a fazer esteira. Tá focado, correndo, olhando pra frente, aquela música repetitiva na cabeça. Tudo ok, exceto pela música REPETITIVA. Aí você resolve olhar pro lado enquanto corre, dá uma espiada entre o que tá rolando, o perna fina levantando peso de braço, uma mulher com uma bundinha bonitinha exercitando glúteos, e aí você percebe que ela levanta e abaixa as pernas REPETITIVAMENTE, e está casando com a batida da música REPETITIVA. Caralho. O perna fina também levanta e abaixa o peso REPETITIVAMENTE, ao som da música REPETITIVA. E você começa a perceber que tudo parece automatizado, repetitivo, e você acha que está em uma bad trip de ácido, e começa a perder o fôlego. E começa a pensar "Eu só queria manter meu corpo em forma e estou perdendo minha sanidade!!!!". Quando você lembra que estava com a esteira ligada, é tarde, você viajou, tropeçou e já deu com a cara na esteira e no chão diversas vezes, e continua largado no chão, com a cara sendo esfregada na esteire REPETITIVAMENTE.

Situação 3 - Festas de Fim de ano.
É véspera do dia 25 de dezembro. Aquela ceia. Aquela música da Simone repetindo, sempre. Aquela família. O tio chega com a tia e os priminhos, trazendo comida para juntar, e repete a piada de todo ano: "Todo mundo vai cair de boca no meu peru hoje! Hahaha". Foda-se. Não gosto de Natal, não gosto de Jesus, não gosto dessa piada. Foda-se. Come lentilha, come peru, come farofa. Vem a sobremesa. O tio repete a outra piada de todo ano: "Ué... não é pavê? Já vi!" E pega o recipiente, passa entre os presentes falando "viu?", "oh, vê aqui...", e finge que vai levar de volta para a geladeira. Sigo seus movimentos só com os olhos, parado. Dia 25, REPETE-SE a comida no almoço, e vai todo mundo queimar na porra do inferno pra lá, que acabou a festa. Mas dia 31 repete-se. A reunião. A família. As piadas. Chega a hora do pavê. Ao colocarem o pavê na mesa, o tio já se levanta do sofá, com um sorriso babaca que dá nojo. Você sabe. Ele quer repetir a piada. Você caminha até a mesa. Seu tio caminha até a mesa. Seu tio bota a mão no recipiente do pavê. Você pega o garfo que é usado para espetar a ave na mesa (aquele de duas pontas). Seu tio observa o pavê, fala que já viu, e se prepara para levantar o recipiente do pavê e levar a todos, dizendo: "esse é o pavê do meu sangue..." não, nada a ver, confundi... é outra história. Seu tio se prepara para levantar o recipiente do pavê e levar a todos. Você não pensa duas vezes. Crava-lhe a mão com o garfo, deixando a mão dele fixada na mesa. Um grito de dor. Sangue. Você pega um potinho, pega o pavê e quebra o ciclo de repetições com algo beeeem original. E nem tava tocando Simone.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Lambidelas

I.
Desde muito cedo
Fui várias vezes seduzido.
Aquele corpinho arredondado,
Coberto de um vermelho tesudo
Mesmo sem mostrar nada
Deixava-me tarado
Por o que estava guardado.

Eu olhava fixamente
Desejando a parte rosada
Eu não tinha fome
Mas a gula me tentava.

Parecia que a vontade
Quanto mais em mim crescia
Afastava de meus lábios
Pra mais longe essa delícia...

II.
Tempos depois do poema acima, uma caiu-me nas mãos. Não sabia o que fazer, tentava controlar a situação, mas é difícil, quando você deseja por tanto tempo algo. A ansiedade batia à porta, mas eu precisava manter a calma para não estragar aquela experiência. Continuava como eu a desejava: a roupa pode ter mudado, o vermelho não era mais tão vivo, ou pode ser apenas o meu defeito de fábrica, que não sabe nada de cor. Enfim, só sei que fui com sede ao pote, literalmente, e após uma manobra com o dedo para abrir levemente, o que eu vi parecia brilhar. Fiquei confuso, feliz, e naquele êxtase de quem conseguiu achar o que queria, larguei as boas maneiras de lado e caí com a língua naquela concavidade! Que delícia! Textura e gosto muito bons, não dava vontade de parar de lamber! "E tem gente que perde tempo com textura e sabor e cheiro de vinho...", pensava eu, enquanto a língua estava a toda. Queria me afundar naquele potinho... E não acabava o líquido... e eu continuava, continuava... sei que sobrou um pouquinho, e tive que usar o dedo para saciar-me.
Estou de parabéns, acabei com todo o iogurte (o que você pensou que era?).

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Essa BABAQUICE toda, só pra eu externar um pensamento:
"Buceta deve ser lambida como tampa de pote de iogurte: com vontade, sem precisar que alguém peça, muito menos sentindo a obrigação de fazer. Não tem coisa melhor pra lamber na vida. Digo, essas duas coisas... tampa de iogurte e buceta, estendendo-se às áreas conexas."

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

910 ou A volta ao mundo passando por Madureira

Segunda-feira chuvosa, melhor dia para uma história triste... Ela é verídica, e aconteceu há quase 20 anos atrás, quando o nosso protagonista tinha seus 12, 13 anos. Vou chamá-lo de Efe. E agora começa a história.
Efe era um rapaz recém-chegado ao Rio de Janeiro: morou a infância toda em uma pequena cidade do interior paulista, a qual tinha como referência de cidade. Na mudança para a capital carioca, percebeu que tinha que mudar seus parâmetros: foi à Penha e achou que tinha ido ao Centro (porque tinha um calçadão e comércio...), ia a um bairro mais distante e achava que tinha viajado a outra cidade, essas coisas. Mas enfim, foi aprendendo a se locomover na metrópole.
Um certo dia, os pais de Efe deixaram ele na Ilha do governador, por algum motivo que não lembro, e disseram que na volta, era só pegar o 910 (Freguesia - Madureira), que "passa em frente à estação de braz de pina", disse a mãe de Efe. Ok.
Efe pegou o 910 na volta para casa. Ele passou por alguns bairros, e quando chegou na Penha, sabia que estava próximo a braz de pina (sim, o caminho reto da casa até a estação de seu bairro ele conhecia bem!), ficou atento. Quando chegou na rua do antigo Dallas (supermercado), o ônibus tinha duas opções: seguir reto e chegar na estação de braz de pina (caminho que ele conhecia); ou virar à esquerda do Dallas e seguir por um caminho totalmente desconhecido para Efe. O ônibus virou à esquerda... Efe seguiu tranqüilo... Quer dizer, deu aquela levantada e olhou para trás, vendo o caminho que ele conhecia ser abandonado, mas pensou: "minha mãe falou que passa em frente à estação de braz de pina. Vai passar em frente à estação." Sentou novamente, com um sorriso nervoso, pensando que o ônibus chegaria onde ele queria, apenas por um caminho diferente. Após cinco minutos ele percebeu que não passaria, a fé na promessa materna se desfez, mas ele continuava tranqüilo. Ele lembrava que o ônibus ia para Madureira! Ora, na rua dele tinha um ônibus, 940, que era Ramos - Madureira, e sempre que ele pegava o ônibus, o trajeto não demorava mais que cinco minutos (ele ia de braz de pina à estação de braz de pina...), e, óbvio, pensou ele, Madureira devia ser pertinho de casa, porque o trajeto do ônibus não podia ser bem maior do que ele utilizava (puta que pariu, como podia ser tão burro e egocêntrico???). Conclusão: pensou que melhor do que descer e andar um pouco mais, seria descer em Madureira e pegar o 940 para descer em frente à sua casa. Uma lágrima chega a escorrer quando releio o que acabei de escrever.
Passaram dez minutos, quinze, vinte minutos, meia hora... E Madureira não chegava. Começou a bater aquela aflição: "caralho, eu nem sei o que é Madureira, se matam pessoas a toa por lá, fudeu!" (Anos 90 no Rio... Matavam por qualquer coisa... Ao menos no O Dia mostrava isso). Maluco, o 910 passava em Bauru mas não chegava em Madureira. Depois de mais de uma hora, puta que pariu, o ônibus para no que parecia ser uma grande excursão a um banheiro gigante; não, não tinha privada, nem pia, apenas um cheiro de mijo impregnado no local, e uma fila de ônibus. Definitivamente, o ponto final.
Efe estava exausto pela viagem, perdido, sem saber o que fazer. Procurou o 940 rapidamente, não viu, mas viu um orelhão. Ligou a cobrar pro pai. Pediu para ser resgatado ( o fôlego estava acabando), tinha ficado preso por horas na merda do ônibus. O pai mandou ele pegar o 940. Bateu o telefone do orelhão, desolado. Perguntou pelo ônibus, achou. Pegou o 940 de volta para a casa. Passou mais duas horas no ônibus: conversou com o trocador, aprendeu o que eram os números que eles falavam pro fiscal (a hora de saída do ônibus do ponto final), aprendeu que "bola bola" é hora cheia, dois zeros... Enfim, poderia ser trocador de ônibus por conta dessa viagem. Teve tempo para dormir no ônibus também. Teve tempo para sonhar. E na verdade, ficou preso em um vórtex que o leva de Madureira para Ilha, da Ilha para Madureira, depois de Madureira para Ramos, de Ramos para Madureira, daí para a Ilha, etc. E continua com o olhar perdido de criança, mesmo velho.
Mentira.
E chegou em casa.
Perdeu um dia inteiro de vida nos ônibus que levam para ou saem de Madureira.
Depois desse desabafo, assumo, a criança era eu. E acho que isso explica o porquê de, mesmo lotado, prefiro pegar o BRT do que pegar ônibus para Madureira...
Vai terminar assim, sem final, triste, como foi esse dia.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Meu Reino...

"Meu reino por uma pizza!" - gritei, soberbo.
- Você é um babaca! Não tem dinheiro pra comprar pizza, muito menos tem um reino, seu merda!
E foi assim que parei de repetir esses bordões sem sentido.
Sem reino.
Sem pizza.
Sem sentido.
Sem nada.

domingo, 8 de novembro de 2015

Sabedoria sobre a vida

"A vida é um grande crowdfunding...
Você acha que as pessoas querem te ajudar, mas todo mundo só está interessado nas recompensas que você oferece..."

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Detesto

Sabe aquela empada de camarão que 25% é ar, 25% é o creminho com UM camarão filhote e 50% é uma azeitona de Itu, que contamina os 25% do creminho com o gosto de azeitona, e geralmente, fica presa no teu dente devido à mordida animada que você deu, achando que ia comer uma empada de camarão?

Um dos maiores fracassos repetitivos na vida de quem detesta azeitona e ama camarão.

Sonho louco do dia 2

Sonhei que eu estava no Odeon vendo uns filmes, a sessão lotadaça, tive que roubar lugar de outras pessoas, sentei longe dos meus amigos, um inferno. E quando começa a passar, o pessoal botou os filmes para passar em 3 TVs, uma em cada lado e uma no centro, pequenininhas. Não passava no telão. Saí da sessão meio puto, conversando com a Luciana, porque o pai dela não quis emprestar o carro, eu falei que a gente ia andando até a Cidade de Deus, com o risco de ser atropelado. Nisso, nós dois viramos cavalo e égua respectivamente (sim, viramos cavalo, que caga na rua, sabe?), e trotávamos pela Dom Helder Câmara, quando eu avistei uma van com a parte traseira aberta. Pensei: "dá pra pegar uma carona pra andar menos". Me comuniquei com a Luciana (que era uma égua jeitosinha), e sentamos na parte traseira da van (que era como um mini caminhão de transporte). Quando sentei e olhei pra trás (eu ainda era cavalo), percebi que era uma van da Sadia, e pensei "fodeu, vão me matar e usar minha carne pra comer". Aí foi um momento de desespero, pois além do amontoado de carnes processadas perto da gente, dava pra ver um cara com touquinha de açougueiro, todo de branco, cortando carnes. Sabe aquele momento que você tenta avisar sem palavras à pessoa que está contigo de que vocês têm que sair do local depressa, de preferência antes que notassem que dois cavalos estão sentados na parte traseira da sua van? Então falei alto, como se quisesse justificar minha saída: "Ahh... Dom Helder já... Vamos descer aqui, só deixa parar...", como se falasse pra Luciana (sabe aqueles momentos que você fala alto e pisca o olho pra pessoa, fingindo não ter percebido se tratar de um açougue ambulante. Eis que o cara que estava cortando a carne percebe e empurra uma porta de vidro lateral que fecharia a parte de trás, prendendo-nos para a morte. Eu, malandramente, empurrei com minha pata de coice a porta, impedindo-a de fechar. Logo depois a van parou e eu desci. E lá estava eu, novamente na forma de homem, Fabiano, no asfalto, em pé, esticando a mão para a Luciana (na forma de mulher) descer. Eis que percebo que a van está parada em um buraco enorme, e por milagre ainda não caiu. Falei pra Lu pular mesmo, pra não cair no buraco, e tentava dar a mão a ela. Não alcançava. A coisa piora: por ela ter virado mulher de novo, e eu ter saído da van, desequilibramos a van, e a Luciana tinha que ficar numa posição certa para que a van não virasse. Eu falei para ela ir para a esquerda, onde eu estava, e deixar a van virar, e quando chegasse perto do chão ela pulava; mas pessoal que assistia tudo começou a falar que isso ia matar as pessoas dos carros próximos à van. Nisso, num desespero entre salvar a própria vida e as pessoas criticando (a van ia virar de qualquer jeito), Luciana pula e eu não consigo pegá-la. E tal qual uma mistura de boneco do hermes e renato com cgi feioso de filme trash z, Luciana desaparece no abismo sem fim da Dom Helder Câmara. E eu fico no desespero de que assistiu a essa morte e não conseguiu fazer nada.
Sonho mucho loco do dia.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Nota sobre "Light my fire"

Pode parecer bobagem o que estou escrevendo (e geralmente, realmente, é!), mas ouvir essa música do The Doors na rádio me trouxe mil reflexões. Mentira, uma só. Mas a epifania é essa:

"Por mais genial que seja a música / texto / idéia / filme / pessoa, as pessoas só querem conviver com aquilo a que estão acostumadas."

Explico agora. A música é foda, e tem um solo de teclado de, sei lá, uns dois minutos, nunca parei para contar, e faz parte da música, foi composta como parte da música, onde ao menos para mim, suspende tua animação por um tempo - mas faz parte daquele ambiente da música. Foda-se, não sou crítico musical, mas o lance é que editam pra tocar na rádio e cortam o solo de teclado.
"Ah, é rock... Rock se faz com guitarra, não com teclado..."
E acho que as pessoas estão querendo vidas apenas editadas - cortem as "partes ruins", que, diga-se de passagem, geralmente são as partes mais lentas; pessoal tá viciado em rapidez, instantaneidade, essas merdas que a publicidade de internet banda larga trouxe às nossas vidas.
Se alguém está mal, melhor arrumar outra companhia e quando / se a pessoa voltar a ficar legal, volta a companhia (tira a parte amuada do teclado e bota logo as guitarras). Lê só a parte do livro que você pesquisou na internet que é do seu interesse, foda-se o livro como obra... Pula a parte do filme que as árvores ficam andando sem parar com os hobbits, passa logo pra guerra...
Todo mundo tá sem tempo pra partes lentas, tristes... Tá todo mundo cheirado de informações e respostas rápidas. Idéias novas são rapidamente repelidas por não fazerem parte de um padrão já consolidado. Livros são trocados por resumos de internet. Pessoas mais contidas são consideradas chatas porque ninguém tem paciência mais de tentar ganhar confiança alheia - é tudo na base de atirar "e aí, beleza?" para trinta pessoas simultaneamente em um recinto, "se dar bem com todo mundo" - mas assim como o jornalista que sabe um pouco de tudo, não sabe de nada, ninguém conhece ninguém.
Processos lentos podem valer mais a pena.
Por mais solos tristes de teclado. Por mais tristeza na vida. Por uma desaceleração.
Tô nessa.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Pintura de Gênio


Quando a segunda vira terceira pessoa
E da primeira invade-se um branco sem vida
Torna obscura a existência que era boa
É necessário, então, deixá-la colorida.

O vazio branco cresce em invisível rede
Deixando a primeira pessoa deprimida
E é lembrada a solução quase esquecida
De colorir de vermelho a branca parede

Toque de gênio contra a opressora alvura
Afasta de uma vez perigoso vazio
Esvai-se o líquido de escarlate brilho
Mas deixa uma obra-prima, formosa pintura.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Reuniões de família - Século XXI

Saca almoço de domingo em família, quando tá todo mundo alegre, todo mundo rindo porque todo mundo fala coisas engraçadas (ou nem tanto, sempre tem os que mandan piadas idiotas...), conta os causos, e tal? Aí tem alguém que vai fazer algum comentário raso (geralmente, babaca) sobre política, e o revoltado da família vai soltar algo sarcástico e causar aquela tensão... E aí vai rolar papo de espiritualidade, e sempre tem o descrente que, mesmo sem se pronunciar, vai ter quem fale: "ihh, o fulaninho não gosta desse papo... Oh, ele fica irritado", e aí o fulaninho fica irritado por estarem irritando ele e solta o verbo sobre a porra toda, e acaba que ninguém sabe como é que é possível almoçar em família desse jeito...
Então, atualizaram essa porra, e chamam agora de "grupo da família no Whatsapp".

Sobre folhetos religiosos

Eu de bom humor: "Não, obrigado." E passo reto.
Eu de mau humor: passo com a cara fechada resmungando.
Eu com MUITO mau humor: pego o papelzinho, rasgo na vista da pessoa e jogo na primeira lixeira que encontrar.
Eu com MUITO bom humor, nível dia de teletubbies: paro, pego o papel, olho rapidamente e devolvo "ahh, não, eu sou satanista, achei que era promoção de loja..."

O futuro cobra...

Tudo o que fazemos no passado, acaba voltando no futuro. Essa é uma história contada em três partes.

PARTE 1: Você tem pouco menos que 18 anos. Percebe que o preço dos CDs são mais baratos na internet do que nas lojas físicas. Faz um cadastro nas Lojas Americanas.com. No cadastro, além de todas as chatices cadastrais, perguntam, simpaticamente: "COMO GOSTARIA DE SER CHAMADO?". Seus olhos brilham, você começa a escrever com aquele sorriso cheio de uma pretensa maldade no rosto. Fade Out.

PARTE 2: Fade In. Mais de 10 anos depois, você vai comprar um presente da lista de casamento de um amigo seu, na Americanas.com. Compra, manda entregar. Depois de finalizado, se pergunta: "ué, onde tá a parte onde eu me identifico pra pessoa, mando uma mensagem pessoal?" Não tem... Você olha para cima, do alto dos seus 29 anos, a sociedade cobrando um amadurecimento, seus amigos casando... Fade Out.

PARTE 3: Fade In. Você percebe que não tem jeito... tem que contactar seu amigo, dizendo que, caso chegue algo com o nome de Fabiano, "é o presente que eu e Luciana compramos pra vocês". Mas assim, se por acaso, apenas por acaso, chegar uma encomenda vinda de "REI DO INFERNO", assim, eu tinha pouco menos que 18 anos quando fiz o cadastro, e, sabe, me perguntaram como eu gostaria de ser chamado...

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Felicidade

André sempre foi estabanado. Sabe aquela criança que SEMPRE derrubou bebida na mesa, fazia comida voar na hora do almoço, tropeçava e esbarrava em alguma coisa que ia ao chão e quebrava... Enfim, esse tipo de gente. E era um cara legal, tinha um relacionamento legal com sua parceira, tinha um filho recém-nascido, bonitinho (na verdade, ainda tinha cara de joelho, mas todos o achavam lindinho...), mas em muitos momentos da vida ele sentia um vazio, sentia-se oco, como se não conseguisse a felicidade, essa coisa tão falada, tão almejada, e, segundo posts do facebook e fotos do instagram, tão alcançada por todos.
Achou que aquela ponta de tristeza que sempre o motivou era um problema. Na verdade, ele não acreditava nisso, mas as pessoas repetiam incessantemente essa idéia de felicidade em sua cabeça, e ele pensou ter chegado a hora de procurá-la.
Pesquisou em livros, destrinchou o conceito através dos pontos de vista das mais diferentes religiões e filosofias, mas principalmente, ouviu amigos. Então, André era inteligente, pesquisava bem, mas tinha o defeito de dar ouvidos aos amigos. Geralmente simplistas, ainda mais quando bêbados, eles só vinham com frases prontas, de efeito. A vida pareceria um grande power point motivacional se fôssemos levar em conta a opinião dos amigos do André ( e dos nossos também. Não se iluda!).
Pois por esse motivo, após uma festinha regada a álcool, onde André passou horas conversando sobre felicidade, ele chegou à conclusão de que felicidade era: "plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro". Sim, essa foi a síntese brilhante da felicidade. André saiu da festa bêbado, achando que descobriu a roda e disposto a tornar-se uma pessoa feliz, naquele mesmo dia. Passou em casa, pegou uma pá, uma fruta-do-conde, um caderno, caneta e o filho. A mulher, que dormia com a TV ligada no Faustão, acordou quando André abria a porta para sair, e perguntou-o o que iria fazer: "ser feliz!", foi a resposta. Voltou a dormir enquanto alguma famosa "quem?" dançava com alguém naquele programa de fim de domingo...
Foi para o sítio dos pais que André encaminhou-se. Um bom espaço verde, uma casinha simples e paz; tudo bem diferente do caos urbano em que morava. Ao chegar, respirou fundo e tirou tudo o que precisaria do carro. O bebê estava naquela bolsa de canguru que ele gostava de usar.
Crianças não costumam beber álcool, e lembram o que falei do André criança? Pois é, imagine esse tipo de pessoa, bêbada... Momento escuro. Mão molhada. André passa a mão molhada na boca, que é a fonte do líquido viscoso que encharca seus dedos. Acordou e olhou ao seu redor. Reconheceu a casa do sítio, e aos poucos foi lembrando da pá, da idéia de felicidade... Esboçou um sorriso juvenil, como se risse da própria inocência, da imbecilidade de achar que uma frase feita poderia trazer-lhe felicidade. Ah, os efeitos do álcool... Riu de verdade, soltando aquele arzinho pelo nariz. Olhou a fruta-do-conde em cima da mesa, fez um movimento de desaprovação com a cabeça ao perceber que a parte branca da fruta estava toda espalhada pela mesa, e a caneta enfiada dentro da fruta. Pelo visto, a idéia de plantar um caroço da fruta para nascer um pé de fruta-do-conde não foi bem sucedida. Olhando bem, os caroços pareciam riscados, como se tivesse tentado escrever na fruta. "Se fosse uma pêra ou uma maçã, podia pelo menos tentar ler o que tentei escrever...", pensou. Mas não era. Riu. Uma azia, daquelas de ressaca, subiu-lhe o peito, e ele, ao passar a mão em seu tórax, percebeu que ali, na bolsa canguru, estava o caderno, onde deveria ter usado a caneta para obter uma escrita melhor do que onde foi utilizada. Riu novamente, soltando ar do nariz e balançando a cabeça para os lados, como sinal de reprovação. Olhou a pá, toda suja de terra. Suja de terra? Mas o caderno e a fruta-do-co... Saiu correndo, abriu a porta e olhou a grama. Havia uma parte onde a terra marrom estava mais aparente do que o belo verde. Jogou-se de joelhos e pôs-se a cavar com as mãos, desesperadamente.
Não é preciso dizer que, ao tentar buscar a felicidade ditada pelos outros, acabou encontrando a frustração e a tristeza. Um bebê roxo, com terra no corpo todo, inclusive nos pulmões; um adulto com uma abertura bonita na cabeça, programada pelo cérebro atingido, que insistia em sair cada vez um pouquinho mais. Não sei se ficou claro, mas André pegou a pá e acertou-a diversas vezes em sua cabeça, até perder a consciência e cair semi-morto. Depois de esvair-se em sangue e pedaços de cérebro, passou para a condição de morto. E se quiserem aguardar alguns meses, a mãe da criança também irá protagonizar um lindo suicídio. Mas por enquanto, por hoje é só, pessoal!!

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Barca salvadora

Uma canoa estreita
Por onde o náufrago entrou
Foi salvação perfeita
Para o perdido senhor

Encontrava-se tão só
Delirava aos prantos
Na terra do puro branco
Em sua garganta um nó

A foice camuflada
Na vazia saleta
Foi logo açoitada
Por golpes de buceta

Juntos fizeram comida
Sorriram mais uma vez
E vou falar pra vocês
Após comer foi comida


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Vai fundo, garoto... ao fundo do poço!

Tu que sempre achaste que eras irreverente
E descobriste tua mediocridade, aceite.
Isso não te faz uma pessoa melhor,
Mas um medíocre consciente.

Deu um estalo na mente
Merece um tiro na testa
Agora que estás ciente
Que tua vida não presta

Tu não és mais do que
Enganação: tua boca seca
Teus olhos úmidos
Mostram apenas o choro
Do ser humano pútrido

E as idéias recorrentes
Cascata vermelha
Pintura abstrata
Automática.

Escrever teu fracasso
Na segunda pessoa
É uma ótima fuga.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Samambaiis acha que está gordo...



Prazer

Sete e meia da manhã. Faltam ainda trinta minutos pra porra do mercado abrir. Passo lentamente em frente ao mercado, no passo das sete e meia da manhã, e vejo muitos deles, a grande maioria é de velhos, amontoando-se em frente ao portão, fechado ainda. Dá para acreditar em uma sociedade onde as pessoas formam filas para entrar no mercado uma hora antes de o mesmo abrir? Romero estava certo.
Como estava a caminho de casa, pensando em bater uma punheta para relaxar, e quem sabe, dormir, ou trabalhar, depende de como a gozada vai me fazer sentir, comecei a pensar se tem algum sentido essa fila para entrar primeiro no supermercado. Não é possível, tem que ter alguma compensação. Os produtos não fogem das prateleiras. Não vai acabar tudo no mercado. Tem que haver alguma recompensa para o primeiro, ou os primeiros a entrar no supermercado. E como o ser humano é complexo, e quase sempre hedonista, mesmo que não se reconheça como tal, assim como existe prazer bebendo mijo, comendo merda, lambendo meia-calça, vai que entrar primeiro no supermercado dê um tipo de orgasmo que nem os asiáticos malandrões do Kama Sutra descobriram?
Esse pensamento veio acompanhando, é óbvio, pela lógica: muitos velhos ou pessoas que você julga serem feias (ok, opinião minha, mas passe em frente ao supermercado; mesmo beleza sendo relativo, haverá um consenso). Ou seja, pessoas que não devem transar. A velhinha, coitada, ninguém procura mais pra tocar aquela siririca nervosa dos idos tempos, da aurora da vida. O velhinho não consegue mais fazer o pau subir nem pela buceta (ou nem pelo caralho, dependendo da opção sexual do idoso). Pessoas feias transam quando querem. Mas vai que são religiosas... aí tem que esperar a pessoa certa, e pluft. Morre sem foder.
Então, para essas pessoas, cujo prazer não é comumente obtido via sexual (sim, pessoas feias transam, eu sei; viagra existe pros velhinhos, eu sei; e velhinhas podem se tocar, eu sei. Falaremos de um modo grosseiramente clichê, e este é o contrato que eu e você, caro leitor, temos - se não gostou, foda-se), a reunião antes do mercado abrir pode significar alguma coisa.
Uma primeira opção seria algo místico, tipo: abre-se o portal do prazer às 8 da manhã em ponto, que se encontra exatamente no portão do Guanabara, e o primeiro que entrar sente tanto prazer que acaba gozando, ou pelo menos sentindo aquela dormência meio cócegas, gostosa, levando ao cérebro a idéia de êxtase, e a pessoa fica feliz, relaxada.
A segunda opção é que o supermercado geralmente é um lugar grande pra caralho. Se a pessoa entrar em um horário comum, entra, faz suas compras, caminha normalmente pelo supermercado e sai. No entanto, chegando meia hora antes, ficam ali, todos próximos ao portão, aglomerando-se, com pequenos movimentos que visam a preencher mais a frente ou melhorar a ergonomia de suas posições. Esses pequenos movimentos acabam gerando uma histeria roçativa, e o roçar dos corpos pode ir causando aquela subida de ânimo pelas entranhas. Quando abre o portão, os corpos roçam-se com maior animação, e a freqüência dos movimentos aumenta, e quando todos estão tão grudados que não sabe-se mais o que é mão de um, calça de outro, o êxtase ocorre e aquela multidão tem uma descarga de prazer ao entrar no mercado.
Acho que isso poderia ser usado como slogan: "Hoje o supermercado abre mais tarde, às 9 horas. Você, que acorda tarde, terá a oportunidade de ser um dos primeiros a entrar no mercado! Chegue cedo e garanta seu orgasmo! Prazer garantido ou seu dinheiro de volta!" Sei lá, alguma merda do tipo.
Enfim, acho que enquanto meu pau estiver subindo, e meus dedos não caírem de lepra, e minha língua continuar fuçadeira, mercado, pra mim, só depois de já aberto. Mas quem quiser testar a teoria, só chegar, no Guanabara mais próximo da sua casa.

domingo, 30 de agosto de 2015

Isso me deixa triste

Meu grande sonho
É também das grandes dores:
Queria encher o mundo todo de poesia!

Mas pra falar de bucetas,
Escrevem de  flores;
E eu quero escrever sobre necrofilia.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Crônica carioca - Vicente de Carvalho

Exatamente meia-noite. Desci do metrô em Vicente de Carvalho; não valia mais a pena pegar o BRT, que só tinha parador e me deixava longe pra caralho de casa, sem qualquer opção de ônibus para pegar, ou seja, teria que caminhar uns bons 20 minutos na madruga do subúrbio. Já fiz muito, até preferia, antigamente, mas sei lá... Vou de 940. Demora, dá uma volta infeliz, mas me deixa na porta de casa. Beleza.
Desci a rampa rumo ao ponto do 940. Da meia dúzia de degrauzinhos que separam a rampa da calçada onde fica o ponto, avistei no meu futuro caminho algo rasteiro que se movimentava de forma muito rápida. Seria o vento espalhando algo pela calçada? Forcei a vista. Míope, de noite, enxergo quase tanto quanto um cego de dia. Forcei mais a vista. BUCETÓFILIS! Parecia um rato gigante. Forcei mais ainda a vista. CARALHÔU VOADOR! Parecia MESMO um rato gigante, e ERA um rato gigante, mas não qualquer rato gigante: era o Mestre Splinter! Olhei de novo. Pooooorra, tenho certeza que era o Mestre Splinter!
Olhei pro Mestre Splinter e continuei descendo os degraus. Cheguei à calçada. Eu pensei: eu sou uma Tartaruga Ninja? Não, eu não sou uma Tartaruga Ninja. Embora eu brincasse, quando estava no pré, com meus 6 anos, de que eu era uma Tartaruga Ninja, o que me causou um trauma de infância: eu queria ser o Leonardo, que era minha Tartaruga Ninja preferida, mas eu tinha um amiguinho que o puto se chamava Leonardo, o que acabava com minha reclamação de querer ser o Leonardo com o simples argumento de que ele se chamava Leonardo, logo, era óbvio que Leonardo era ele. E ele ainda tentava ser gente fina, e fala "mas você pode ser o Donatelo, aí eu que tenho que pagar pizza pra você!". Óbvio que eu era gordo e pela frustração de não poder ser o Leonardo, pedia três mil pizzas para falir ele. Óbvio que o dinheiro e a pizza eram imaginários, o que nunca satisfazia minha raiva, porque ele pagava sem nem se importar de estar pagando (com vento). Enfim, por um bom tempo da vida fiquei puto por me chamar Fabiano, e não Leonardo. Mas passou, voltemos ao Mestre Splinter.
Olhei para o Mestre Splinter, e pensei: eu sou uma Tartaruga Ninja? Não, eu não sou uma Tartaruga Ninja. Logo, o Mestre Splinter não é meu amigo. Caralho, se esse rato gigante é amigo de tartarugas ninjas gigantes, e não é meu amigo, se ele for meu inimigo, fodeu! Ainda mais que meu cabelo está preso em cima e solto em baixo, o que me deixa com um cabelo na forma de um capacete samurai, pode fazer ele me confundir com o Destruidor. Está de noite, ele não deve estar enxergando bem também... e agora?
De repente, o Mestre Splinter, que estava entretido com um pacote vazio de biscoito Globo que algum porco jogou na rua, virou-se para mim. Encarou-me com um semblante preocupado. Eu encarei-o de volta, provocando mesmo, inclinei o rosto para cima e fiz cara de mau. De nada adiantou. Ele começou a avançar para cima de mim. Tive pouco tempo para pensar no que poderia fazer. Lembro de passar trechos de minha vida na minha cabeça, lembro de olhar para os lados para ver se as Tartarugas Ninja estavam por lá, qualquer um, para eu desenrolar... neca! E o Mestre Splinter se aproximando a uma velocidade indizível! Não pude nem pensar. Saquei da minha botinha no pé direito e mandei-lhe um bico monstruoso! Mestre Splinter ricocheteou na grade do Atacadão. Ouvi barulhos. Pensei: fudeu! Leonardo e companhia tão chegando! Fudeu! Fudeu (porque ninguém pensa ou fala "fodeu", ao menos não quando fudeu mesmo; se falou ou pensou "fodeu", tá tranqüilo demais...)!
Bom, sei que 940 é o caralho! Olhei em volta rapidamente, atrás de mim, em cima da rampa também, pra ver se as Tartarugas tavam vindo, não vi ninguém. Corri pra BRT, com o cu trancado, olhando em volta o tempo todo e peguei o primeiro que passou. CHEIO DE MEDO. Só quem cresceu vendo sabe o poder de destruição desses bichos quando querem vingar o mestre deles pode entender...

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Ele é o Senhor do Universo

Festa de família. Cinqüenta empadinhas de entrada. A tia chama a atenção para um aviso:
"Olha gente, eu não fui ao mercado, então só tinham duas azeitonas em casa... Esse ano só duas empadinhas tão premiadas...".
Foda-se, odeio azeitonas. Acho uma beleza poder dar aquela dentada sem medo. Odeio azeitonas. É pare da minha identidade, assim como não acredito em religião alguma, assim como gosto de "róqui paulêra", assim como...
Puta que pariu. Sabe a parte das religiões? Eu menti. Creio em ti, maldito Murphy, senhor do universo.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Sacrofanação

Cada milímetro percorrido
Na busca extrema do profano
Torna-se contraditoriamente
Sagrado, logicamente insano.

A antirreligiosidade vira
Êxtase sensorial
Tal mãozada na virilha;
Ou bucetada no pau.

Não creio em mitos exceto
Pra'cabar qüessa bosta:
É pau no cu do divino
(Como o Diabo gosta!)

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Fuckmentary

Outro dia estava divagando sobre fakementary (ou mockmentary), e me veio na cabeça "Fuckmentary" (acho que veio primeiro pela cabeça de baixo, depois chegou na de cima... não cresci mentalmente, continuo como uma criança de dez anos que vê sexualidade em tudo...).
Fuckmentary, um misto de documentário com sexo... quase uma gourmetização da sex tape. Mas aí, o que era apenas uma piada passageira, levou um empurrãozinho, pedindo desenvolvimento da idéia. E óbvio, coisa boa não saiu, continua uma piadinha passageira, mas agora tem mais linhas. Lanço agora o Manifesto dos Fuckmentaries por aí!

- Um Fuckmentary não pode ser utilizado para abusar ou explorar a imagem de outras pessoas. Ele é mais que imagem, e tem que ter o consentimento (porque autorização é burocracia!) de todos os envolvidos.
- O Fuckmentary é qualquer experiência tatilaudiovisual (ou  tatiláudio para cegos, ou  tatilvisual para os surdos) sexual, e pode ser gravado apenas na mente, sem mídias digitais ou analógicas.
- No Fuckmentary é importante saber explorar não a linguagem, mas as linguadas audiovisuais; e saber explorar o digital também, e se com consentimento, o analógico!
- O Fuckmentary não é um documentário. Não visa necessariamente o registro. Mas é importante que, se houver o registro, que seja algo fora dos padrões dos filmes pornôs, visando ser o mais real possível, embora todos saibamos que, com uma câmera na frente, todos mudam.

Resumindo, pegue seu(ua/eus/uas) parceiro(a/os/as) e vá transar sem ficar se preocupando em filmar e atuar nessa merda!
A não ser que você queira explorar o meio audiovisual com  seu(ua/eus/uas) parceiro(a/os/as), transe e converse, e beba, e viva.

Assim a gente fica sabendo o que funciona ou não como idéia... Essa não funciona.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Tatuagem


Foi em uma sexta-feira. Acordei inspirado: estava apaixonado (It's friday, I'm in love!)! Mas sabe, quando a pessoa tá tão boba de amor que fica realmente idiota? Pois é. Pra completar a merda, olhei minha carteira: tava com dinheiro. Puta que pariu, fodeu! Podia ter acordado cheio de amor assim no final do mês, mas não... tava com dinheiro. Apaixonado e com dinheiro, coisa boa não acontece.
Pois é. Saí de casa, passei em frente a um estúdio de tatuagens. Entrei.
- Aí, quero fazer uma tattoo (falei assim mesmo, “uma tatu”... mó mongolice, uma intimidade inexistente com tatuagens... e menor ainda com agulhas).
A mulher me olhou de cima a baixo.
- Primeira vez?
Fiz que sim com a cabeça e abri um sorrisão.
- Trouxe desenho?
Parei, abri o maior sorriso que podia, olhei pra ela.
- Não, não. Vou tatuar o nome da minha amada. Tá vendo aqui, quero que feche do cotovelo até o punho!
A mulher deu um suspiro, que fez eu me achar muito idiota, mas como eu tava idiota mesmo, pensei que não era um suspiro que ia me tirar o foco dessa linda homenagem. Ela veio com um papo de “olha, tatuar o nome da pessoa é bom você ter certeza, porque tatuagem não sai, você tem que saber se é com isso que você quer marcar o seu corpo pra sempre, blablabla” e eu fiquei, firme e forte. QUERO TATUAR O MEU BRAÇO (ou antebraço, nunca sei) COM O NOME DELA. Ok. Ela concordou, perguntou qual era o nome.
- Luciana.
- Com ípsilon?
- Não, com “I” mesmo...
- Com dois enes?
- Não, um “N” só...
A mulher parou. Ela olhou pra mim, olhou para cima, pensativa. Olhou para minha cara de novo (agora eu estava espantado com ela).
- Não entendi. Tem “H” depois do “U”, ou depois do “A”?
- Não, não... É LUCIANA. L-U-C-I-A-N-A. Normal.
A mulher contraiu os lábios, balançou a cabeça para os lados, em tom de reprovação.
- Desculpa, senhor... Se não tem “Y”, “K” ou “W”, a gente até aceita fazer se tem letra repetida. Se não tiver nenhum desses, a gente ainda abre exceção para nomes com acento no lugar errado, ou “H” desnecessário... mas sem nenhuma exceção, não tem como tatuar um nome desses pra você.
Diante da minha cara de total espanto, procurando a câmera escondida do Silvio Santos em algum lugar naquela espelunca, ela ainda completou.
- O senhor já viu tatuado por aí “Mariana”, ou “Letícia”?
Na minha cabeça, só vinham flashes do trem na Central do Brasil, “Waldynéya”, “Anny Cleyde”.
- Luciana, só posso tatuar se for pelo menos com dois “N”... ou com “Y”!
Fiquei atordoado, levantei da cadeira, saí. Respirei fundo e percebi a merda que ia fazer. Saí com dinheiro no bolso ainda, com o braço limpo. Passei na Citycol e comprei um vestidinho pra ela. FELIZÃO!

7 Anos de Cachacinha

Originalmente publicada em 15/07/2015

Há 7 anos eu estava no aniversário de 70 anos de minha avó. Chamei uma garota que eu tava pegando pra passar lá, já que ela morava perto (nem era namorada, mas eu tava pouco me fodendo se era namorada ou não... tava legal, tava bom, chamei). Fiquei esperando, ela me liga, e quando eu chego no portão para ela entrar, a garota tá com uma saia jeans ATÉ O CALCANHAR! Entrei em pânico: "Caralho, vão pensar que eu despiroquei e tô pegando garota de igreja... E agora?". Fiquei meio tenso, perguntei por que ela tinha ido com aquela roupa estranha, e ela me falou que "sei lá, festa de família, 70 anos...". Ri um pouco dessa mente doentia, mas beleza. Depois da festa, fui emparedado na casa da garota, perguntando se a gente tava namorando. "Sei lá... ué, pode ser, pô", foi minha resposta mais genuína. Aí veio a chatice: "pode ser não... ou tá ou não tá..." E porra, eu falei que não sei como essas merdas funcionam... E aí é aquela história de eu fingir que estou cavalgando, abrir o pergaminho imaginário, e dizer "Oh, Luciana Pinho de Almeida, filha de blablablablabla, aceita ser a donzela de Fabiano Pereira Lourenço Soares, filho de Fátima Lourenço Soares e Fabio Pereira Soares, para aturarem-se para todo o sempre, mesmo com problemas com dragões ou com a igreja?" (eu reinvento esses trechos toda hora, porque eu não lembro o que falei... mas foi algo por aí). E aí, eu zoando, a garota fica alegre e começa a chorar... Pensando bem, vai ver que o choro dela era porque ela tava sacando já que esse aturar-se para todo o sempre ia ser cheio das implicâncias um com o outro... Vai saber...

Ela cheia das superstições. Eu total descrente.
Ela cheia das tabelas de Excel. Eu cheio de rabisco em caderno.
Ela cheia de pé atrás em tudo. Eu todo impulsivo.
Ela vendo TVZ. Eu ouvindo defarias.
Ela me chamando pra passeios. Eu chamando pra show.
Ela chamando pro podrão. Eu chamando pro podrão.

Uma pequena homenagem pressa mulher que mudou um pouco minha vida, virou uma parceira que tá comigo todo o tempo, e além de tudo, sempre me ajudando nas minhas furadas de vídeos, atuando, produzindo, enchendo o saco falando que eu não penso em figurino (e não penso mesmo!). Obrigado por tudo, Cachacinha.
Mas aí tamos juntos até hoje. No entanto, a maldição dos 7 anos do espelho que eu quebrei termina hoje... ou seja, hoje a noite eu fico livre desse feitiço...
Peraí.

CRAC TREC CLIN PRINCRAC plincrinclintlin

Quebrei outro espelho.
Mais 7 anos garantidos ;)
Besos, Lu. Amo-te. Mesmo chata pacaralho!  =P

terça-feira, 26 de maio de 2015

É tudo uma questão de quantidade

Cada dia que passa as fotos têm mais filtros e efeitos digitais;
silicone e peito ligam-se cada vez mais;
implantes revolucionários deixam os carecas em paz.

Tem sabonete pra deixar buceta com cheiro de hospital;
remédio pra manter duro por mais tempo o pau;
cerveja sem álcool pra beber sem ficar mal.

Quando o mundo vai ficando cada vez mais falso,
O falso vai virando cada vez mais real.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Vísceras poéticas de um analfabeto

"Oi, moça, eu num sô ladrão, não. Só tô pedinumajuda, prá compretá um dinheirinho pralmoçá.
Num vô falá que num bebo, mazé difícil agüentá morá na rua, sabe? Eu..." - vuuuuoooosh.
 Ou:
"Boa tarde, sinhô, tudo bem? Cê mi vê assim dessi jeitu,  maeu num sô vagabundu, não. É quieu tô cum fome mesmu, e pedí é mió qui robá. Num tem nem uma moedinha aí? Só preu podê cumê alguma coisa. Num vô mentí, eu gostu duma cachacinha, sim... Maeu tô cum fomi mesmu - tlintlin. Ôoo, brigado! Deus abençoe!"

Geralmenti era assim quieu consiguia meu dinhero na rua. Meus colegas falavam preu pará di falá di bebida, mazé meu jeitu, sempri prifiri sê sincero. Num funciona com todo mundu, mas há quem visse quieu falavà verdadi, i sintia mais vontadi di mi dá aqueli trocadu - que num faz diferença nenhuma pra eli no fim do dia, mas que transformava meu dia, e me davisperança di vivê!

Mas comocês num são bobo, devem tê percebidu quieu só tô falando "fazia, falava, pedia"... tudu qui num façu mais. I agora tão pensando, pelo modo comua história tá contada, que si não faço mais, devu tê achadum bilheti premiadu da lotu. Quem dera. Iessa volta toda qui tô danu... tem genti qui chama distilo, né? Nu meu cazé frescuriosadia! Explicaqui: frescura purquieu pudia sê mais diretu, sem ficá inuivoltanu, toda hora; i ousadia porquieu tô nazúltimas, i posso morrê antes disso terminá. Intão, anotaissaí, ìscrevi depois, purquieu achu qui mereçu. Comeu sô frescurentu, anota du jeitu quieu tô contanu... vô resumí, qui tapertanaqui.

Olhaqui, pru chãu. Esse líquidu é valiosu, só prá mim. Pruzômi ele num tem valô ninhum! É meu sangui! É minha vida! Sempri fui pobrìanalfabetu, i minha vida semprìncomodou uzôtu. Mas agora, eu decidi mi abrí, e fiz issu... - tuuf tuf. Tava morrenu di fomi. Fomi, dum jeitu qui vocês num sabi do quieu tô falanu - haam huum. Eu quirìscrevê um livru... Vivi tanta coisa. I a fomi.

Ninguém mi matô. Eu qui abri minha barriga. Na unha. Quis mostrá prá velha... ela divia tê minhidadi... quiria mostrá prá ela quieu tava ca barriga vazia mesmu, num era mintira. I vô morrê, ca barriga mais vazia ainda. Olhaqui, minhas tripa tudu inuimbora nessi mar vermelhu - haam thaaam. 

Sei lá, surtei. A fomi, comu eu dissi, aquela qui vocês nem sabi uquié... intãu, pode fazê a genti fazê essas coisassim. Meti minhazunha na minha barriga i fui abrindu ela. Eu tavolhanu pra minha barriga, aí quandu abriu, senti uma felicidadi por tê conseguidu abrí, antis di sentí a dor... eu tavaté sorrinu quandolhei prá velha. Sabi aqueli sorrisu qui cê dá antes di percebê a merda qui tá fazenu, qui num vai tê volta? Essi sorrisu mesmo. Maizolha, quandeu olhei prá velha- haaam thuuuf... cês tinham qui vê a cara di horror dela! I di todu mundu pur pertu! Foi um choqui prá mim, qui ainda tava feliz - tahaam huuf - pur tê consiguidu abrí minha barriga na unha, i mostrá prá ela qui tava vazia, mesmu! Achei quìa ganhá um trocadu. Só quandeu vi a cara di todu mundé qui caiu a ficha. Vi a merda quieu fiz. Aí já era.

I miapareci um malucaplaudinu, gritanu "qui linda perfómanci!". Perfómancéu caralhu! Eu mistribuchanu ieli achanu quié brincadeira!

Agoreu tô aqui, mixpus mais qui puta di dia, tô sangranaté morrê... i vô ficá mais vaziu qui antis.

Mas. Sô analfabetu. Publiquessistórin um livru - haaam thuum.

A cena das minhas tripas grudada nazunha...
Mininu. Publiquinlivru não. Uzôtu qui nem eu num vão podê vê... Faizum filmi. Eu gostava muito di cinema.

Gostava. Cesintenderam purquieu tô falando tudassim, né? - haam thuuum.

U Zé du Caixãu iàdorá vê issu. Pedi prele fazê - haam... haaaaaaam...

Huuf.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Aventuras Urbanas de Flock

Flock estava no ônibus, ouvindo alguma música, no seu aparelho reprodutor de músicas - não interessa se era um walkman, um mp3 player, ou um iPhone, que teoricamente, é um mp3 player, mas o departamento judicial da vida diz que quando uma marca é muito cara, você deve usar o nome que a marca deu ao produto, não o nome utilizado normalmente na sociedade. Estava de cabeça baixa, olhos fechados, pés batendo no ritmo da música - ao menos era o que ele achava, que estava no ritmo... Levantou a cabeça, abriu os olhos e virou para o lado: uma garota linda estava sentada no banco do outro lado do ônibus. Não sabe nada sobre ela, mas sabe que suas sardas o deixam meio confuso e feliz. Abre um sorriso de canto de boca, desajeitado. Olha fixamente para ela. Chega a esticar um pouco o pescoço, para ver se assim é notado. Dá certo.
A garota olha para ele agora. Ele desvia o olhar, fixando-o no chão. Volta lentamente o olhar para a menina. Ela está olhando para a frente, mas volta a olhar para ele. Ele, como o Dengoso dos sete anões, disfarça, virando rapidamente para o lado da sua janela. Pronto. Sabia que agora o contato visual estava estabelecido. Flock volta seu olhar novamente para a menina de sardas. Ela se vira para ele e dá um sorriso. Era o que faltava! Contato visual estabelecido, e agora, uma timidez recíproca.
Tomou coragem, mexeu na mochila, arrumou-se sentado no banco e tomou a decisão: iria falar com ela! Pegou a mochila mais uma vez, balançou-a, e levantou-se. Flock chegou ao lado da garota, com o olhar entre o chão e o rosto dela, e um sorriso meio bobo. A menina ajeitou-se, sentou-se uns dois centímetros mais para o lado, com um sorriso leve e uma mão na nuca, que mexia em seus fios de cabelo sem objetivo nenhum. Flock parou em pé em frente ao banco da menina, em uma posição que ele ficava de frente para o ombro dela, e abaixou-se. Enquanto ele abaixava, ela sorria e olhava para ele, fingindo uma surpresa. Flock disse:
"Tu roubaste tamancos?"
O sorriso da menina sambou, sua testa franziu. Parecia confusa.
"O quê?", disse, aturdida, a pobre garota.
"Brrrrrllllllll!", fez Flock, soprando sua língua em seus lábios, uma brincadeira que sempre gostou de fazer, desde criança, que inclusive, deixou algumas gotas de saliva no rosto e no cabelo da garota sardenta.
Flock puxou a corda para o ônibus parar, e caminhou rumo à porta de saída do ônibus, com a cabeça virada para a garota, que olhava atônita para ele, que estava com um sorrisinho no rosto e acenava muito levemente um sim com a cabeça. A garota ainda olhava assustada para Flock e para os lados, procurando algum cúmplice entre os passageiros para afirmar que aquele garoto era completamente retardado. Em vão, todos estavam mexendo em seus celulares, ninguém presenciou aquela cena. Quando o ônibus parou, ele, o corpo virado para a saída, mas o pescoço e o rosto virados para a menina, soltou um "Hmmmm", enquanto acenava ainda com a cabeça, em sinal afirmativo, e desceu do ônibus.
 Flock sabia como mudar a vida das pessoas. Sabia como mudar a sua vida a cada dia.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Giovanna e ética

Levando Giovanna pro cinema. Vou de trem e metrô, o que dá a ela a impressão que estamos LONGE PACARALHO de casa. Então, no caminho do metrô para o shopping, onde ficava o cinema, ela vira e manda:
"Haha essas pessoas aqui na rua, ninguém conhece meu pai nem minha mãe! A gente pode fazer bagunça, né, titio? Vamos fazer bagunça?"
Eu olho para ela, e ela começa a andar pulando e chutando o ar com o calcanhar, da esquerda para a direita, ocupando praticamente toda a calçada.
"Olha, eu posso fazer essa bagunça. Ninguém me conhece, ninguém está olhando pra mim!"
Ela continua pulando de um lado para o outro. Penso se vale a pena dizer que esse pensamento pode... Foda-se. Pulei junto com ela e ficamos "fazendo bagunça" até chegar no shopping.

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Antes, no metrô, anunciei pra ela que ia ver o Faith No More no Rock In Rio (e ela ama "Falling to Pieces"). Falei:"Vou ver 'baaaaack and foooorth I sway with the wiiiind...'".
Ela fez uma cara de surpresa e desespero, e falou, toda imperativa "Eu VOU!!! Você vai me levar nesse show!!!" Aí eu: "Eu falei pra sua mãe comprar ingresso pra você ir, Giovanna, mas ela não comprou!" Ela: "Então você vai ter que me levar!!! Eu vou com você!" Eu: "Mas como, se não tem ingresso? Já sei... vou te levar dentro da minha mochila!" Ela: "Ei, tá doido? Mas como eu vou ver o show de dentro da mochila?" Eu:" Não, eu te tiro da mochila lá dentro...". Ela: "Não, você me coloca dentro da sua camisa, e se te perguntarem, você fala que comeu uma melancia inteira! Aí depois eu vejo o show lá dentro! Tá bom?"
 Dá vontade de levar mesmo... pena que ela não ia agüentar o pique do dia inteiro...

Como fingir que não trabalha...

Alguns passos para você fazer os outros pensarem que você NÃO ESTÁ trabalhando, só de bobeira.
1- Você precisa estar trabalhando;
2- Você resolve que é um ser humano, e precisa beber alguma coisa;
3- No caminho para a geladeira, sua cabeça pensa "Karma-karma-karma-karma-karma-karmeleon...";
4- Um pensamento idiota atropela a música da sua cabeça: "karma-karma... parece um caipira falando 'calma, calma'";
5- Sua mente rebate o pensamento, mais rápido ainda, como se estivesse fazendo algo genial: "caipira, Chico Bento! Haha! Qual a música que o Chico Bento cantou pro lagarto?"
6- Ria disso enquanto prepara seu suco;
7- Poste isso no Facebook.
Tcharaaaaaaaan!!!

OBS: Se postado a qualquer horário da madrugada, aumenta em 400% as chances das pessoas te verem como vagabundo. 

terça-feira, 7 de abril de 2015

Criatividade

Por que desenvolvi tanto a criatividade?
Creio que a resposta para isso está na infância.
Creio que tem a ver com o difícil acesso a pornografia.
Apenas crianças que não tiveram fácil acesso a pornografia sabem da importância da criatividade.
Para uma estátua de porcelana de uma mulher com meio bico do peito de fora virar uma fantasia sexual, era necessário exercitar muito a mente!

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Páscoa

Nunca curti ovo de páscoa.
Não ligo muito pra chocolate,
Muito menos para ovo.
Sempre preferi ovário.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Deus e Problema

Não diga a Deus que você tem um grande problema.
Diga que você não tem problemas. Nem Deus.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Mundo Caos mdnuo coas

Mas que bcutea do crlahao, prboe só se fdoe nsesa prroa!
Qeirua ser uma ctoia, praa ter o cuteu!
Gaprmdeodar de miamols me etcaxim!

Cabeças rolando

Sempre que penso em poesia
Tenho acessos de raiva
Porque prefiro pensar em morte.

Acessos furiosos podem causar a morte
O que me faz pensar em poesia
Mesmo que sobreviva e fique com raiva.

Pois de tanto sentir raiva
Acabou chegando a morte
E o ódio virou poesia.

terça-feira, 24 de março de 2015

Laranjas

Chupe uma buceta!
Afinal de contas,
A vida é feita de laranjas
(não de sentido).

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E se não gostou da grafia de buceta, clica aqui.

segunda-feira, 9 de março de 2015

10 anos de faculdade!!!

É isso. Completaram-se 10 anos que estou na faculdade, agora, dia 5 de março7 de março. Eu jurava que era cinco de março, mas algo hoje, muito estranho por sinal, me fez rever a minha memória afetiva... Vamos a um modo confuso de contar a história, onde eu conto o que sou eu como "você", e de vez em quando como "eu". Mó doideira mesmo. Vamos lá!

Depois de um bom tempo longe, você vai à sua faculdade. Vê que muita coisa mudou... se encontra com o cara da xerox, que bate um papo maneiro sobre rock e heavy metal contigo, como você fazia na época em que tirava xerox... Aí depois encontra com um amigo, e nesse clima de nostalgia, do nada, pensa alto: "Caralho, dia 5 de março fez 10 anos que eu comecei a ter aulas aqui na ECO. E oficialmente, ainda estou matriculado. Estou oficialmente há 10 anos aqui!!!" Silêncio por um tempo... seu amigo faz uma cara de quem está pensativo, e pouco depois retruca: "Mas 5 de março de 2005 foi um sábado!" Você olha pra ele, rindo... "Vai à merda, Thor!" Ele olha mais sério pra você... abre um meio sorriso, mas um pouco sério. "É sério, 5 de março de 2005 foi um sábado!". Você continua rindo, olha pra ele... "Porra, tá falando sério???" Ele acena com a cabeça que sim, ainda com um esboço de sorriso triunfante no rosto. "Como é que você sabe, cara? Que que rolou nesse dia pra você gravar isso?" A resposta veio rápida: "Ué, memória nossa, pô...". 'Memória nossa' meu ovo esquerdo, pensei eu. Peguei o celular e acessei o calendário. Comecei a voltar. "Cara, se você estiver certo, sua memória está melhor do que a minha memória afetiva..." Ele riu. Voltei, voltei, voltei pra caraaaaaaaalho! Chegou em março de 2005, olhei para o dia 5: sábado. PUTA QUE PARIU. Após minha revolta, e querendo saber como ele tinha feito isso, e ele tenha falado: "ué, memória, cara...", perguntei: 23 de setembro de 2009! Em menos de 10 segundos (não estou zoando!), o cara me vira: "Quarta-feira.". Voltei no calendário. Quarta-feira. Não acreditei. Pedi pro Cretton Filipe, que apareceu no caminho, pra falar uma data aleatória. Ele falou. O Thor acertou. De novo. Comecei a ficar com medo. E isso acabou por aguar a minha comemoração de 10 anos na faculdade (que ocorreu oficialmente dia 7 de março de 2005), sendo 5 desses como agente duplo... Mas descobri um amigo alienígena!


sexta-feira, 6 de março de 2015

Suquinho de Cocô (Supra-Sumo do Amor - Paródia Musical)

Volto eu a mudar essas músicas merdas que ficam batendo na minha cabeça... Como sempre, tá uma merda, mas ao menos, literalmente.

Dessa vez, o alvo foi a música do Sr. PopoPéricles, Supra-sumo do amor.

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Suquinho de Cocô

Peço perdão eu não quis
Foi sem querer o que fiz
Fui peidar, soltei um borrão
O cheiro não dá pra agüentar
Por isso vou me retirar
Tá escorrendo na minha mão...

Só não vá se esquecer
Pois nós dois temos cus
Que apertam onde for
Diarréia pode dar
Não dá prá o cu trancar
É suquinho de cocô

Foi me dando um calafrio
Na barriga, a contração
Segurar é um desafio
Sou humano, não deu, não

A calça toda cagada
Não dá nem pra disfarçar
Vou ali dar uma limpada
E depois vou me trocar

Lararalalalalalala infinitamente
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O final tá um lixo, reconheço... mas foda-se. 

segunda-feira, 2 de março de 2015

A pior refeição da vida

Não estavam se falando, ainda assim, caminhavam juntos. Ele pensava se valia a pena ficarem presos um ao outro em um momento como esse; o quanto seria melhor se esfriassem a cabeça longe um do outro, e depois tudo voltaria ao normal.
Mas continuaram juntos.
Morria de fome, mas não sentia fome. O lado físico pedia comida. O psicológico, queria apenas ficar sozinho.
Vagaram, procurando comida. Quase não falaram nada. Quando abriram a boca, saíram ataques no lugar de palavras. Deixando marcas.
Entraram finalmente em uma pizzaria. A barriga roncava, mas a cabeça só pensava em deitar na cama.
Pediram a comida. Tchen, tchen, tchen, tchen. O ventilador do teto era o único som na mesa. Não trocaram uma palavra. Apenas o ventilador, girando sem parar, em consonância com sua cabeça.
A comida chegou. Comeu mecanicamente. Apenas abria e fechava a boca, posicionando a comida entre os dentes. Mas não sentia gosto, nem vontade de comer. A cabeça estava tão longe que não conseguiria discernir queijo provolone de merda. Foi a pior refeição de sua vida.
No dia seguinte acertaram-se. Foi quando cagou o que tinha digerido na noite anterior.

Momento de reflexão

Seu corpo está ardendo em brasas por conta da praia no dia anterior, no pior horário.
Um mosquito sobrevoa sua casa, e se aproxima de você.
O mosquito pousa na sua barriga, vermelha.
Momento de reflexão.

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Agora uma pergunta:
O que é, o que é: tem dentinhos afiados, entrada na testa e se queima quando é exposto ao sol?

Resp: yo =/


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Vingança dos Mosquitos

Um dia eu vou sumir. Tipo: SUMIR. Não, não será seqüestro, tampouco abdução, muito menos vontade de virar ermitão; provavelmente um grupo muito grande de mosquitos, milhares, ou milhões deles, juntos, me levarão como forma de vingança contra o sádico que matou seus parentes e amigos e encheu o seu quarto com corpos de mosquitos mortos como enfeite macabro.

Giovanna e piadas



Voltando de Caxias para Braz de pina, com Giovanna.
Giovanna: Titio, vamos brincar de piada?
Eu: Vamos... (comecei com a clássica) O que é que tem bico mas não é pássaro, tem asa, mas não voa?
Giovanna pensa... bota a mão na boca.
G: Uma ema!
Eu penso... puta que pariu, acho que ema é um pássaro, grande, mas um pássaro... mas ela não tem como saber isso, e deu uma ótima resposta... Mas enfim...
Eu: Errou! Uma chaleira!
G: Uma chaleira... hmm...
Percebi que ela não entendeu, e nem deve saber o que é uma chaleira. Eu não sei o que é uma chaleira... e acho que oficialmente, a resposta é "bule"... Seguimos.
G: Agora sou eu! O que tem pé, mas não anda?
Eu: Um aleijado!
G: O que é um aleijado?
Eu: Uma pessoa que tem pé, mas o pé não mexe, fica paralisado.
G: Acertou!
Eu: Não, fala, o que é que tem pé mas não anda?
G: Um aleijado!
Eu: Não... fala o que você tinha pensado...
G: É isso, titio...
Eu: Ok... tá, vai você de novo...
G: O que tem asa, mas não voa?
Eu: Sem ser a chaleira, né?
G: É...
Eu: Hm... não sei!
G: Um tubarão!!!
....
Eu: Giovanna, tubarão não tem asa...
G: Ihhh... é mesmo!
Mas acho que adivinhações desse tipo são muito mais legais! E terminou com ela morrendo de rir com a piada dos tomates tentando atravessar a rua... Pediu preu repetir umas cinco vezes...

Por que não automedicação?

Torci o pé. Achei que podia estar quebrado, porque tava doendo pra caralho. Mas foda-se, vou mancando que essa porra se ajeita. Aí começa o blablablabla "vai no médico".
Fui. Recepção VAZIA. Fui pra recepcionista. O segurança, quando cheguei ao balcão, me pede para tirar a senha primeiro. Volto para a porta de entrada, onde tem um aparelho, tiro a senha. Imediatamente a recepcionista chama a senha. Eu, mancando, penso que em casa estaria pelo menos, andando menos. Vou até a recepcionista, que conversa sobre um sanduíche com a recepcionista do lado, e pede para ela me atender, que ela vai comer sanduíche. Eu era o ÚNICO para ser atendido no local. Beleza. A mulher me atende, e o médico chama (tudo pelo televisorzinho de senhas... tecnologia lá em cima). Fui na sala do médico, no final do corredor, AO LADO da sala de Raio-X. O médico passa o raio-X e pede para eu voltar para a recepção, que lá ia autorizar o exame. Volto mancando pra porra da recepção. A mulher autoriza e me indica a sala de Raio-X, no final do corredor, à esquerda (ao lado da sala do médico...). Volto mancando pra merda do final do corredor. Sala do Raio-X vazia. Sala do médico: não tem ninguém no Raio-X. Mulher aparece do inferno e pega o papel da minha mão. Pede para eu esperar. Vejo uma cadeira ali perto e sento. Mulher vem: você tem que esperar lá na recepção, senão você não vai ver quando vão te chamar. Penso "porra, só tem eu nessa merda, caralho seboso, buceta perebenta! É SÓ ME CHAMAR QUE EU VOU!" Mas vou mancando pra recepção, só pra ver se a filha da puta ia comer um sanduíche também antes de me chamar... Aliás, pensando que ia demorar, tinha levado até livro, e não tava puto porque pensava que se demorasse, pelo menos, tinha o que fazer pra passar o tempo. Chego na recepção e a porra da TV já tá apitando meu número no raio-X. Tão de sacanagem. Volto pro raio-X, e no corredor continuo ouvindo o PIPI-PIPI irritante da senha, como se falasse que eu estou demorando a chegar lá... Chego. Não era a mulher que era do raio-x, mas um carinha, que demorou 2 segundos pra tirar o raio-X (na sala ao lado da sala do médico), e me mandou... de volta à recepção. Chegando na recepção, mal sento na cadeira, o médico me chama. Volto naquela buceta de sala bolorenta do caralho, o cara fala que é só torção, não mostra o raio-x, me passa GELO e um anti-inflamatório.
Olhei com aquela cara de "eu posso ser médico", e pensei em por que reclamam tanto de automedicação... Voltei mancando pra recepção, triste por ter perdido um tempinho com a perna pro ar, que acho que ia ser melhor.