segunda-feira, 2 de março de 2015

A pior refeição da vida

Não estavam se falando, ainda assim, caminhavam juntos. Ele pensava se valia a pena ficarem presos um ao outro em um momento como esse; o quanto seria melhor se esfriassem a cabeça longe um do outro, e depois tudo voltaria ao normal.
Mas continuaram juntos.
Morria de fome, mas não sentia fome. O lado físico pedia comida. O psicológico, queria apenas ficar sozinho.
Vagaram, procurando comida. Quase não falaram nada. Quando abriram a boca, saíram ataques no lugar de palavras. Deixando marcas.
Entraram finalmente em uma pizzaria. A barriga roncava, mas a cabeça só pensava em deitar na cama.
Pediram a comida. Tchen, tchen, tchen, tchen. O ventilador do teto era o único som na mesa. Não trocaram uma palavra. Apenas o ventilador, girando sem parar, em consonância com sua cabeça.
A comida chegou. Comeu mecanicamente. Apenas abria e fechava a boca, posicionando a comida entre os dentes. Mas não sentia gosto, nem vontade de comer. A cabeça estava tão longe que não conseguiria discernir queijo provolone de merda. Foi a pior refeição de sua vida.
No dia seguinte acertaram-se. Foi quando cagou o que tinha digerido na noite anterior.

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