quinta-feira, 8 de março de 2018

A carona

O carioca é foda.
Eu tô no onibus, perto da porta dos fundos.
Um maluco entrou aqui por trás, camisa branca de botão e calça azul.
Eu, o motorista e você pensamos: ou é motorista ou cobrador.
Beleza.
O tempo passa, o tempo voa, e o maluco continua do meu lado, perto da porta de saída.
Aí, chegando no campinho, alguém falou "BRT". Por algum motivo, minha mente fez eu olhar pro cordão do crachá (certamente um crachá de motorista - pensei) pendurado no pescoço do cara.
Olhei e li: Panco. Com uma carinha sorridente desenhada ao lado e tudo.
Cordão azul, Panco e o rostinho em branco.
Olhei pra cara dele, olhei pro cordão de novo.
Realmente. Panco.
O cara desceu no campinho mesmo. O motorista abriu a porta no sinal, fora do ponto, camaradagem entre os da mesma profissão, pois deixa mais próximo do BRT, só atravessar a rua.
Mas ele não atravessou a rua.
Ali onde ele desceu, no sinal, tem um Prezunic. Ele entrou no Prezunic.
Rio de Janeiro, onde representante de marca de pão dá calote no busão se aproveitando da semelhança de seu uniforme com as roupas de motorista / cobrador.
Definitivamente, isso aqui não é para amadores.