quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Efeito Borboleta

I - SHOW COM AS BANDAS NIRVANA, SILVERCHAIR, SYSTEM OF A DOWN, SLIPKNOT, KORN E MUITO MAIS!

Assim dizia o flyer do show de rock, com alguns nomes pequenos entre parênteses, que indicavam tratar-se de bandas cover. Daniela não conhecia muitas bandas, mas achava interessante o visual dos roqueiros. Aos 17 anos, precisava encaixar-se em uma tribo, e sabia que queria ir nesse show.
- Vai ter Nirvana!
Letícia, sua melhor amiga, desconfiou:
- Você nem conhece Nirvana, garota... Mas aposto que o Marcelo vai, né...
Daniela estava experimentando uma saia de renda preta que comprou especialmente para a ocasião: um tecido preto, mole e confortável, revestido por um filó, igualmente preto, esvoaçante, que lhe passava a sensação de ser uma bruxa. Pensava na sensualidade e no poder das feiticeiras, e estava completamente absorta olhando-se no espelho; tanto que nem respondeu ao comentário maldoso da amiga.
- Vou pra esse show poderosa!

II - Rock com vinho vagabundo

Adolescentes bêbados, garotos suados batendo cabeça e covers dignos de pena no palco. Não era tão bacana quanto Daniela imaginava, mas a noite ainda podia ser salva: Marcelo estava lá. Sempre com a mesma camisa do Motörhead, o garoto conversava com amigos, segurando uma lata de cerveja na mão - um símbolo de maturidade, já que aos 19 anos não pega bem ficar só bebendo vinho vagabundo.
Daniela ficou disfarçadamente observando o garoto, esperando o momento certo para se aproximar. Teve que dispensar diversos jovens (meninos e meninas), meio bêbados (ou fingindo-se de), que chegavam querendo ficar com ela. Não podia ser vista pelo crush beijando outra pessoa, ou ficaria tudo mais difícil para concretizar seu plano.
A garota circulava em uma pequena área, chutava o ar, os olhos sempre em Marcelo,; bebericava o copo de vinho, os olhos em Marcelo, e ele sempre no meio dos amigos. Quando poderia aproximar-se e encenar um esbarrão ocasional, dizer "e aí, veio curtir o show?" Já tinha pensado nas falas, em todas as possibilidade de respostas que ele daria, e em suas tréplicas para prendê-lo na conversa. Em sua cabeça rolava um papo hipotético desses quando olhou e percebeu que o garoto estava sozinho. Havia começado a banda que faria cover de Slipknot, essa era sua chance.
Subiu um pouco a saia para o umbigo e dobrou-a para baixo, para ficar um pouco mais curta; virou o copo de vinho que estava inteiro, quente, em sua mão há mais de uma hora; passou as mãos no cabelo, endireitando-o, e saiu em direção a Marcelo.
Chegando perto, desistiu de esbarrar, e preferiu uma abordagem mais comum, embora o álcool marcasse presença no arrastar da fala de Daniela.
- E aí, Marcelo! Você por aqui?
O garoto parou o gole na cerveja e virou-se para ver quem falava com ele.
- Fala... Daniela, né? É... vim mais pra falar com o pessoal, nem gosto dessas bandas aí não.
Os beijos trocados traziam bons sentimentos a Daniela, de olhos fechados e sob o efeito do vinho em pessoas que não costumam beber.
- É... É... eu vim pra... pra ver os shows...
Daniela balançava a cabeça, em negativa; tanto treino para isso?
-... pra ver... você...
Ela riu, corou instantaneamente e olhou para os lados, desviando o olhar de Marcelo. Ele riu e mandou a cerveja pra dentro, inspirando e inflando o peito.
- Dani, eu já tava de saída. Não curto esses new metal e a galera foi toda ver esse cover oficial, com máscaras dos caras e tal...
Os olhos de Marcelo percorriam o corpo de Daniela, e a garota sorria, voltando a encará-lo.
- ... se você não for ficar pra assistir, a gente podia dar uma volta, conversar, sei lá.
- Claro! Nem gosto de Slipknot mesmo... Podemos conversar sim!
Marcelo insinuou o caminho para fora do ambiente, e ao cruzar o portão, colocou o braço sobre os ombros de Daniela.

III - Alívio romântico

A lua cheia brilhava como um refletor. Daniela e Marcelo comiam uma batata frita na praça em frente ao show. Marcelo ofereceu também uma cerveja a Daniela.
- Não, não... já tô meio assim só com o vinho...
- Ah, mas também, beber essas sangrias nesse calor... Olha só como você está suando!
Marcelo passou a mão no rosto de Daniela, limpando uma gota de suor da garota. Depois desceu a mão para a barriga à mostra dela, mas ela rapidamente tirou sua mão de lá.
- Calma... só ia mostrar que a barriga também tá suada...
O rapaz sorriu para Daniela, que desviou o olhar para o chão e franziu um pouco a testa.
- Bom, se você quiser, posso te dar uma carona pra casa. É perto, mas pelo menos dá pra ficar uns cinco minutos no ar condicionado do carro...
- É... acho que já estou cansada por hoje mesmo. E cinco minutos de ar condicionado, acho que vale a pena.
A menina voltou a sorrir, olhou para Marcelo, que estava sorrindo, e levantou, limpando as mãos sujas de gordura da batata na saia.
- Vamos?
Marcelo sorriu e levantou-se, pegando a chave do carro.

IV - Poderia ser uma história de amor, mas um babaca estragou tudo

O carro de Marcelo estava a duas quadras da casa de Daniela, quando ele encostou em um ponto escuro da rua. Com as luzes todas apagadas, Marcelo passou os dedos suavemente no rosto de Daniela, que cruzou os braços e colocou a bolsa em cima das pernas, sem perceber o que fazia.
- ... Marcelo... Minha casa é mais na frente...
- Eu sei, mas você pode fingir que ainda está no show, né?
Os dedos do garoto desciam pelo pescoço de Daniela, que apertou ainda mais a bolsa contra seu colo. O braço direito da menina conseguiu libertar-se do movimento instintivo e barrou o movimento descendente da mão de Marcelo.
- Eu podia, mas a gente pode se ver outro dia...
- Você falou que foi para me ver... Foi de saia... Saiu do show pra conversar comigo... Quis pegar um ar condicionado no meu carro... Qual é... Vai dizer que não tá querendo?
A mão do garoto forçou para continuar o movimento, e era muito mais forte do que o braço de Daniela conseguia resistir. Ela usou então as duas mãos para afastar a mão dele de seu corpo. Franzindo a testa, o garoto recuou.
- Marcelo... Eu tava querendo te conhecer. A gente se conheceu, conversou na praça... eu só quero ir pra casa e depois a gente marca outro dia.
Clanc!
Marcelo ativou as travas e as portas se fecharam. Abriu um sorriso e com as duas mãos em forma de gancho avançou lentamente em direção ao torso de Daniela.
- Ah, não... Me provocou, vai me dar pelo menos uma provinha...

V - O Efeito Borboleta

Teve início uma pequena luta corporal, e um dos lados viu-se surpreendido pela violência de quem não se espera. Um entra e sai frenético começava, fazendo com que gemidos de dor abafados morressem dentro do carro. O ambiente agora começava a aquecer, mesmo com o ar condicionado ligado; uma respiração ofegante ressoava como um pedido de clemência, friamente negado. Seguiram-se várias estocadas; estocadas curtas e rápidas no início, e quanto menos havia resistência, tornavam-se mais profundas e lentas, incluindo penetrações com giros e outras firulas internas. Em poucos segundos, fluidos corporais já melavam as roupas e os corpos dos dois.
As estocadas cessaram.
Daniela empurrou Marcelo de volta para o banco do motorista. Ela procurou o botão para destravar as portas, e apertou. Abriu a porta e, antes de sair, deu uma cuspida no rosto de Marcelo, cujo corpo jazia, tombado com a cabeça no vidro.
Ela limpou o sangue de sua faca borboleta, guardou-a na bolsa e seguiu a pé para casa, assobiando "Girls just wanna have fun". 

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Hit Combo

Referente ao dia 5 de janeiro de 2018, um dia que ficará marcado em minha vida.

Qual o maior "Hit Combo" que você lembra?
Pensou em Street Fighter? Tekken? The King Of Fighters? Marvel vs Capcom?
"Fabiano, eu um dia apelei com aquela velhinha no flipper e dei 52 hit combo!"
Esquece.
É sobre bebês mas começa parecendo Mr Catra.
3:30 da madrugada, "hora da mamada".
E você sabe, não se nega uma "mamada" a ning... Digo, a um neném.
Beleza, a mãe dá o mamá, e pra ser justo, eu boto pra arrotar.
Já são 3:55, já arrotou, já ficou o tempinho pra fazer uma digestão... Mas na hora de botar na caminha, hmmm... Esse pesinho, esse cheirinho... Tá cagado. Vou trocar, tranqüilo.
Tirei a fralda, passei o lencinho umedecido, e é aí que começa o MAIOR HIT COMBO da história (e com tentativas de defesa inúteis):
Edgar começa a mijar, tento botar o lenço para bloquear, ele mija no trocador, começa a cagar no trocador, golfa, caga no meu dedo quando eu já tava passando a pomada, mete a mão na merda (nesse ponto acordei a mãe, minha dupla contra esse apelão), mija no trocador de novo e na própria roupa, caga na fralda nova ainda aberta, golfa de novo, caga no trocador de novo, encosta as costas na merda.
Acho que foi isso. E tudo numa serenidade incrível, enquanto eu estava em total desespero. Foi um Perfect; Flawless Victory.
É, essa foi a madrugada de hoje. Edgar veio com tudo.
E agora ele fica me olhando de rabo de olho, com um meio sorriso de vez em quando, como se me desafiasse "consegue sozinho ou vai chamar a mamãe?".
Tô já me preparando pra hoje como nunca me preparei pra flipper nenhum...