terça-feira, 29 de abril de 2014

Minha mãe, mágica

Eu tenho certeza que minha mãe esconde umas paradas aqui em casa, só pra eu ficar gritando "Mãaaaaae!"; acho que é carência. Sabe? Estou a um tempo sem chamá-la, ela acha que eu não a procuro mais, pensa que os vizinhos podem notar esse distanciamento (de 20 minutos sem gritar o codinome dela - no caso, "mãe"), e resolve esconder algo meu, para que eu comece a procurar, e, quando estiver quase louco, procurá-la (porque sim, ela sempre acha TUDO).
Como teve um dia, "mãaaaaae, cadê meu desodorante?". Eu estava no banheiro, ela falou, audaciosamente: "No banheiro, em cima da pia..." Eu olhei a pia. Nada. "Não tá aqui!!!". "Você não sabe procurar nada, Fabiano. Está em cima da pia!". Forcei a vista em cima da pia, atento a cada detalhe. Sabonete, caneta, palavras cruzadas, fio dental, etc. "Eu já olhei!!! Essa merda não tá aqui!!!". "Procura direito, Fabiano. Eu vi isso hoje. Tá aí em cima da pia."
Vasculhei, além da pia, o banheiro inteiro; "ela deve estar enganada quanto a estar na pia, mas deve estar em algum canto do banheiro". Encontro jornal de 2012 (isso aconteceu em 2013), cotonete usado largado no chão, junto com teias de aranhas, Playboy da Xuxa escondida (mentira... quem dera eu tivesse essa merda pra vender por uns bons $$), mas não encontro a merda do desodorante.
Desisto. Me visto. Abro a porta. "Achou?"; "Lógico que não! Não tá aqui, essa merda! Você fica arrumando e some com as minhas coisas nas suas arrumações!"; "Deixa eu olhar". Desafio aceito, fico no banheiro para ela ver como essa merda não está lá: "Hmm... me aponta o desodorante, então..." 
De uma forma que eu não sei explicar, e isso já aconteceu milhares de vezes, o desodorante (ou o celular na mesa de jantar, a camisa do Brujeria na minha gaveta, a revista dos Simpsons na minha estante... ou tantas outras coisas que ela diz estar em um lugar e eu, analisando pericialmente o lugara, não encontro) APARECE! O desodorante apareceu NA PIA, inclusive, fato verídico. Certamente ela estava carregando na manga, não sei. Mas acho que eu vou morrer sem ela me contar qual é o truque dessa parada...
Mas sério. Quando sumir alguma coisa sua, e você morar com sua mãe, pode ver se não rola isso, de ela falar que está em tal lugar, você olhar o tal lugar, não achar, e quando ela vai lá, PLIM! A parada aparece from hellnescamente do nada!!! Fica ligado!

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Pensando na boceta


Por que o tabu sobre a "buceta"?
Por que é aceito falar "caralho", mas boceta/ buceta gera aquele mal-estar?
Por que aceitamos até mesmo ouvir no rádio, na TV, em um filme, a palavra CACETE, mesmo que não significando literalmente "caralho" (como em "desceram o cacete nele!"), como se fosse sinônimo de porrada, mas não aceitamos sinônimos sobre a eterna "perseguida"? Aliás, por que criar sinônimos ligados a violência para o órgão masculino? Ah, esquece isso... vai ver que o estupro começa, ironicamente, na língua.
E não venham me dizer que a aceitação de "cacete" é porque ele significa porrete; porque "boceta" significa também uma pequena caixa, e nunca vi ninguém usando (a palavra, não a buceta...)...
Sugiro, portanto, um significado alternativo para boceta: visto que ela tem todo aquele carinho com o caralho, envolve o caralho de modo tão gostoso... que tal usar "boceta" como sinônimo de abraço?
Imagina: "no aniversário, encheram-lhe de beijos e bocetas!"; "manda uma buceta bem apertada pra ela, tá?"; e o que mais a imaginação permitir.
Ou então, se quiserem igualar a violência do masculino, que usem como algo violento, vá lá! Talvez associá-la à testa. Cada vez que alguém der uma testada em alguém, falar "bocetada". Seria lindo saber que "fulano abriu o supercílio de beltrano com uma bucetada!".
Enfim, mas contra esses anos todos de repressão, vamos tirar esses panos todos que cobrem a buceta, e botá-la na boca do povo!!!

OBS: Sei que o correto é boceta, mas buceta tá na minha vida, na minha língua... 

sábado, 12 de abril de 2014

Aqui nessa sala...

Tem que ser aqui nessa sala...
Você alegre, zangada, diabólica, deformada.
Vai ser aqui nessa sala...
De todos os jeitos que puder, até o choque neon chegar.
Foi aqui nessa sala...
Tudo o que já aconteceu, o turbilhão vem junto com o agora.
Tinha que ser aqui nessa sala...
Mas se não foi, foda-se, tá sendo agora, mas tem que ser aqui nessa sala.

Você é o demônio que tá comandando...
Minha Luci...fer? Luci... ana?
Foda-se. Você tá comandando (embora fisicamente, eu comande).

Minha demônia, coiote,
Salivas, odores, suor,
A lua nos ilumina enquanto nos entrelaçamos
Uivando? Fodendo? Beijando? Acariciando?
Certamente algo animalesco, um entrelaçamento no cio
A luz da lua do deserto e...

A LUZ DA JANELA DA PORTA
Ela fecha um portal.
Somem diabas, coiotes, lua.
Avó.
Sua avó.
Sua avó.
Shhhh...
Shh...

A luz se apaga.
Volta um altar de sacrifício.
Aquela sala. Tudo tem que ser aqui na sala.
Sem luz. A luz só do fogo do inferno que é a sua sala.
Seu rosto distorcido, belo, deformado, demoníaco.
Belo.

Te beijo. Te amo.
Te como. Te fodo.
O mais doloroso e o mais prazeroso.
Misturados.

Inferno quer dizer Bem.
Ser do Bem.
Entendi Aleister Crowley, Led Zeppellin,
Page e Plant. Entendi isso olhando a sua sala.
SLAYER
HELL AWAITS.
Pingando suor. Sem ventilador. Sem luz.
Colocar Hell Awaits na TV; ligo a TV:
ZOOOOIAAAIIIMMMMMMMOAAZUUUUUUU
Desligo a TV, não pode ser a TV, a TV não tá na parede infernal.
Apenas computador. Mão suja de porra no computador.
Computador na parede infernal. Youtube. Slayer Hell Awaits.
Rola uma vez.
Suor, pingando da testa. Eu em frente à parede infernal, prestando homenagem.
Você, minha demônia, sai do banho, pede para abaixar a música.
Me deu um banho de água fria sem jogar água em mim.
Tento voltar pro início, baixinho, rola a música inteira, mas não estou feliz.
Você me pediu para abaixar o volume no meio... não deu.
Na tela, Google Images gigante do Hell Awaits, um zoom na capa.
Só mostra HELL AWAITS e Cristo decapitado por um demônio.
As cores pulam, passam de laranja, amarelo a um vermelho vivo, sangue pulsando no canto.
Me assusto com aquilo naquela capa.
O corte no zoom foi instintivo. Algo me mandava olhar pra aquilo.
O sangue pulsava vivo.
O amarelo, laranja e vermelho se alternavam. Eu sabia.
O fogo do inferno está aí nessa parada.
Tinha que ser nessa sala!
Vai ser nessa sala!
As cores vão se alternando, e eu boto a música do início novamente, alta.
Peço que escute até o fim e vou regendo o pedal da bateria.
Pedal duplo!
Agora pratadas!
TX TX TX TX!
Tà vendo? O Terno do Zé!
HELL AWAITS = O TERNO DO ZÉ!
TX TX TX, eu sabia! Tá tudo interligado!
Teu irmão tava certo em escolher essa música pro Thrash Star.
Eu mandei TX TX TX no bloco de notas que eu tinha da música!
Era isso! Hell Awaits, Thrash Star, O Terno do Zé.
As pratadas de Hell Awaits, O Terno do Zé, a sua sala!
Tinha que ser a sua sala!

O MEU INFERNO É A SUA SALA!
E EU ME SINTO TÃO VIVO E TÃO BEM AQUI AO SEU LADO!!!

FOI NESSA SALA!