quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Barco Azul no Mar Branco

Encontro-me em um mar branco, gélido feito a água do chuveiro no inverno quando você é criança e te obrigam a entrar no banho. E meu barco é azul, da cor do pelicano que estava de bobeira e foi pintado de azul. Essa cor. Meu mar é pequeno, talvez menor que uma lagoa ou um lago, mas ainda assim é mar. Apenas eu vivo nesse ambiente inóspito e hostil, mas que também sabe ser generoso e hospitaleiro, tenho minhas dúvidas, mas acho que quando esbanja essa simpatia toda, tem mais a ver comigo do que com o local. Meu mar é quadrado, e não tem nada de orgânico, tudo é preparado, artificial: madeira, cimento, papelão. Na maior parte do tempo, humanos, somente frios e planos, na tela de fluidos estranhos. Não dá para tocar, agarrar... Música... a música é sempre uma conversão de algo em algo... impulso elétrico em ondas sonoras, ondas sonoras em impulsos elétricos e em ondas sonoras novamente, e assim vai. Boto o som alto, tomo algo sintético e assim vou afundando no meu mar branco. Vez ou outra aparece algo natural aqui, e fico feliz como criança! Gostaria de ter a criatividade das crianças, e fingir-me de pirata sempre, mas a idade chega e bloqueia algumas partes do cérebro, dentre elas a memória, e em mim, atacou em cheio a criação! Talvez uma punheta resolva essa merda.