quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Quando o BG vira motivo de suicídio

Situação 1 - Loja de roupas, tipo C&A, Renner, Leader, Riachuelo, etc.
Você entra pra comprar uma roupa. Está precisando de calça, o que é um problema, porque calça não é camisa: você precisa experimentar, ou seja, vai perder mais tempo. E nessas lojas, sempre, sempre, a música que fica de fundo é repetitiva, incessante, irritante, repetitiva, repetitiva, repetitiva. Aí você está andando, com essa música REPETITIVAREPETITIVAREPETITIVA martelando na sua cabeça, e aparece um vendedor, do nada, "Já tem o cartão da loja, senhor?", você se assusta, diz não, e quando vira pra frente, outro vendedor, repete "Já tem o cartão da loja, senhor?", você olha desconfiado para ele, sentindo o dejavu da pergunta, somado à música repetitiva, e o vendedor repete "Já tem o cartão da loja, senhor?". E você num rompante de fúria sai chutando araras e jogando roupas para o alto, achando estar preso num mundo do cartão da loja. E o segurança vem pra cima de você, e você sabe que é o único normal naquele mundo, errado é quem aceita entrar numa loja dessas.

Situação 2 - Academia.
Você entra pra malhar, afinal, o verão vem aí, você quer ir à praia e as gordurinhas sempre são reparadas nesses ambientes de pessoas saradas e douradas pelo sol tropical. Até porque as gordurinhas dobram-se e criam pontos onde o sol não penetra, fazendo aquelas marquinhas de dobrinhas de gordinho, a pele de uma cor, as dobrinhas da gordura mais brancas... enfim, totalmente excludentes desse mundo feliz e carioca, mate leão, bixxxcoito Globo. Aí entrou na Academia, esqueceu o tocador de mp3. FU-DEU. A música é repetitiva, bate-estaca, tuntz tuntz. Repetitiva. Sempre, repetitiva. Você acha até que está ali para comprar uma calça, mas aí lembra que é uma academia. Aí começa a fazer esteira. Tá focado, correndo, olhando pra frente, aquela música repetitiva na cabeça. Tudo ok, exceto pela música REPETITIVA. Aí você resolve olhar pro lado enquanto corre, dá uma espiada entre o que tá rolando, o perna fina levantando peso de braço, uma mulher com uma bundinha bonitinha exercitando glúteos, e aí você percebe que ela levanta e abaixa as pernas REPETITIVAMENTE, e está casando com a batida da música REPETITIVA. Caralho. O perna fina também levanta e abaixa o peso REPETITIVAMENTE, ao som da música REPETITIVA. E você começa a perceber que tudo parece automatizado, repetitivo, e você acha que está em uma bad trip de ácido, e começa a perder o fôlego. E começa a pensar "Eu só queria manter meu corpo em forma e estou perdendo minha sanidade!!!!". Quando você lembra que estava com a esteira ligada, é tarde, você viajou, tropeçou e já deu com a cara na esteira e no chão diversas vezes, e continua largado no chão, com a cara sendo esfregada na esteire REPETITIVAMENTE.

Situação 3 - Festas de Fim de ano.
É véspera do dia 25 de dezembro. Aquela ceia. Aquela música da Simone repetindo, sempre. Aquela família. O tio chega com a tia e os priminhos, trazendo comida para juntar, e repete a piada de todo ano: "Todo mundo vai cair de boca no meu peru hoje! Hahaha". Foda-se. Não gosto de Natal, não gosto de Jesus, não gosto dessa piada. Foda-se. Come lentilha, come peru, come farofa. Vem a sobremesa. O tio repete a outra piada de todo ano: "Ué... não é pavê? Já vi!" E pega o recipiente, passa entre os presentes falando "viu?", "oh, vê aqui...", e finge que vai levar de volta para a geladeira. Sigo seus movimentos só com os olhos, parado. Dia 25, REPETE-SE a comida no almoço, e vai todo mundo queimar na porra do inferno pra lá, que acabou a festa. Mas dia 31 repete-se. A reunião. A família. As piadas. Chega a hora do pavê. Ao colocarem o pavê na mesa, o tio já se levanta do sofá, com um sorriso babaca que dá nojo. Você sabe. Ele quer repetir a piada. Você caminha até a mesa. Seu tio caminha até a mesa. Seu tio bota a mão no recipiente do pavê. Você pega o garfo que é usado para espetar a ave na mesa (aquele de duas pontas). Seu tio observa o pavê, fala que já viu, e se prepara para levantar o recipiente do pavê e levar a todos, dizendo: "esse é o pavê do meu sangue..." não, nada a ver, confundi... é outra história. Seu tio se prepara para levantar o recipiente do pavê e levar a todos. Você não pensa duas vezes. Crava-lhe a mão com o garfo, deixando a mão dele fixada na mesa. Um grito de dor. Sangue. Você pega um potinho, pega o pavê e quebra o ciclo de repetições com algo beeeem original. E nem tava tocando Simone.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Lambidelas

I.
Desde muito cedo
Fui várias vezes seduzido.
Aquele corpinho arredondado,
Coberto de um vermelho tesudo
Mesmo sem mostrar nada
Deixava-me tarado
Por o que estava guardado.

Eu olhava fixamente
Desejando a parte rosada
Eu não tinha fome
Mas a gula me tentava.

Parecia que a vontade
Quanto mais em mim crescia
Afastava de meus lábios
Pra mais longe essa delícia...

II.
Tempos depois do poema acima, uma caiu-me nas mãos. Não sabia o que fazer, tentava controlar a situação, mas é difícil, quando você deseja por tanto tempo algo. A ansiedade batia à porta, mas eu precisava manter a calma para não estragar aquela experiência. Continuava como eu a desejava: a roupa pode ter mudado, o vermelho não era mais tão vivo, ou pode ser apenas o meu defeito de fábrica, que não sabe nada de cor. Enfim, só sei que fui com sede ao pote, literalmente, e após uma manobra com o dedo para abrir levemente, o que eu vi parecia brilhar. Fiquei confuso, feliz, e naquele êxtase de quem conseguiu achar o que queria, larguei as boas maneiras de lado e caí com a língua naquela concavidade! Que delícia! Textura e gosto muito bons, não dava vontade de parar de lamber! "E tem gente que perde tempo com textura e sabor e cheiro de vinho...", pensava eu, enquanto a língua estava a toda. Queria me afundar naquele potinho... E não acabava o líquido... e eu continuava, continuava... sei que sobrou um pouquinho, e tive que usar o dedo para saciar-me.
Estou de parabéns, acabei com todo o iogurte (o que você pensou que era?).

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Essa BABAQUICE toda, só pra eu externar um pensamento:
"Buceta deve ser lambida como tampa de pote de iogurte: com vontade, sem precisar que alguém peça, muito menos sentindo a obrigação de fazer. Não tem coisa melhor pra lamber na vida. Digo, essas duas coisas... tampa de iogurte e buceta, estendendo-se às áreas conexas."

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

910 ou A volta ao mundo passando por Madureira

Segunda-feira chuvosa, melhor dia para uma história triste... Ela é verídica, e aconteceu há quase 20 anos atrás, quando o nosso protagonista tinha seus 12, 13 anos. Vou chamá-lo de Efe. E agora começa a história.
Efe era um rapaz recém-chegado ao Rio de Janeiro: morou a infância toda em uma pequena cidade do interior paulista, a qual tinha como referência de cidade. Na mudança para a capital carioca, percebeu que tinha que mudar seus parâmetros: foi à Penha e achou que tinha ido ao Centro (porque tinha um calçadão e comércio...), ia a um bairro mais distante e achava que tinha viajado a outra cidade, essas coisas. Mas enfim, foi aprendendo a se locomover na metrópole.
Um certo dia, os pais de Efe deixaram ele na Ilha do governador, por algum motivo que não lembro, e disseram que na volta, era só pegar o 910 (Freguesia - Madureira), que "passa em frente à estação de braz de pina", disse a mãe de Efe. Ok.
Efe pegou o 910 na volta para casa. Ele passou por alguns bairros, e quando chegou na Penha, sabia que estava próximo a braz de pina (sim, o caminho reto da casa até a estação de seu bairro ele conhecia bem!), ficou atento. Quando chegou na rua do antigo Dallas (supermercado), o ônibus tinha duas opções: seguir reto e chegar na estação de braz de pina (caminho que ele conhecia); ou virar à esquerda do Dallas e seguir por um caminho totalmente desconhecido para Efe. O ônibus virou à esquerda... Efe seguiu tranqüilo... Quer dizer, deu aquela levantada e olhou para trás, vendo o caminho que ele conhecia ser abandonado, mas pensou: "minha mãe falou que passa em frente à estação de braz de pina. Vai passar em frente à estação." Sentou novamente, com um sorriso nervoso, pensando que o ônibus chegaria onde ele queria, apenas por um caminho diferente. Após cinco minutos ele percebeu que não passaria, a fé na promessa materna se desfez, mas ele continuava tranqüilo. Ele lembrava que o ônibus ia para Madureira! Ora, na rua dele tinha um ônibus, 940, que era Ramos - Madureira, e sempre que ele pegava o ônibus, o trajeto não demorava mais que cinco minutos (ele ia de braz de pina à estação de braz de pina...), e, óbvio, pensou ele, Madureira devia ser pertinho de casa, porque o trajeto do ônibus não podia ser bem maior do que ele utilizava (puta que pariu, como podia ser tão burro e egocêntrico???). Conclusão: pensou que melhor do que descer e andar um pouco mais, seria descer em Madureira e pegar o 940 para descer em frente à sua casa. Uma lágrima chega a escorrer quando releio o que acabei de escrever.
Passaram dez minutos, quinze, vinte minutos, meia hora... E Madureira não chegava. Começou a bater aquela aflição: "caralho, eu nem sei o que é Madureira, se matam pessoas a toa por lá, fudeu!" (Anos 90 no Rio... Matavam por qualquer coisa... Ao menos no O Dia mostrava isso). Maluco, o 910 passava em Bauru mas não chegava em Madureira. Depois de mais de uma hora, puta que pariu, o ônibus para no que parecia ser uma grande excursão a um banheiro gigante; não, não tinha privada, nem pia, apenas um cheiro de mijo impregnado no local, e uma fila de ônibus. Definitivamente, o ponto final.
Efe estava exausto pela viagem, perdido, sem saber o que fazer. Procurou o 940 rapidamente, não viu, mas viu um orelhão. Ligou a cobrar pro pai. Pediu para ser resgatado ( o fôlego estava acabando), tinha ficado preso por horas na merda do ônibus. O pai mandou ele pegar o 940. Bateu o telefone do orelhão, desolado. Perguntou pelo ônibus, achou. Pegou o 940 de volta para a casa. Passou mais duas horas no ônibus: conversou com o trocador, aprendeu o que eram os números que eles falavam pro fiscal (a hora de saída do ônibus do ponto final), aprendeu que "bola bola" é hora cheia, dois zeros... Enfim, poderia ser trocador de ônibus por conta dessa viagem. Teve tempo para dormir no ônibus também. Teve tempo para sonhar. E na verdade, ficou preso em um vórtex que o leva de Madureira para Ilha, da Ilha para Madureira, depois de Madureira para Ramos, de Ramos para Madureira, daí para a Ilha, etc. E continua com o olhar perdido de criança, mesmo velho.
Mentira.
E chegou em casa.
Perdeu um dia inteiro de vida nos ônibus que levam para ou saem de Madureira.
Depois desse desabafo, assumo, a criança era eu. E acho que isso explica o porquê de, mesmo lotado, prefiro pegar o BRT do que pegar ônibus para Madureira...
Vai terminar assim, sem final, triste, como foi esse dia.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Meu Reino...

"Meu reino por uma pizza!" - gritei, soberbo.
- Você é um babaca! Não tem dinheiro pra comprar pizza, muito menos tem um reino, seu merda!
E foi assim que parei de repetir esses bordões sem sentido.
Sem reino.
Sem pizza.
Sem sentido.
Sem nada.

domingo, 8 de novembro de 2015

Sabedoria sobre a vida

"A vida é um grande crowdfunding...
Você acha que as pessoas querem te ajudar, mas todo mundo só está interessado nas recompensas que você oferece..."

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Detesto

Sabe aquela empada de camarão que 25% é ar, 25% é o creminho com UM camarão filhote e 50% é uma azeitona de Itu, que contamina os 25% do creminho com o gosto de azeitona, e geralmente, fica presa no teu dente devido à mordida animada que você deu, achando que ia comer uma empada de camarão?

Um dos maiores fracassos repetitivos na vida de quem detesta azeitona e ama camarão.

Sonho louco do dia 2

Sonhei que eu estava no Odeon vendo uns filmes, a sessão lotadaça, tive que roubar lugar de outras pessoas, sentei longe dos meus amigos, um inferno. E quando começa a passar, o pessoal botou os filmes para passar em 3 TVs, uma em cada lado e uma no centro, pequenininhas. Não passava no telão. Saí da sessão meio puto, conversando com a Luciana, porque o pai dela não quis emprestar o carro, eu falei que a gente ia andando até a Cidade de Deus, com o risco de ser atropelado. Nisso, nós dois viramos cavalo e égua respectivamente (sim, viramos cavalo, que caga na rua, sabe?), e trotávamos pela Dom Helder Câmara, quando eu avistei uma van com a parte traseira aberta. Pensei: "dá pra pegar uma carona pra andar menos". Me comuniquei com a Luciana (que era uma égua jeitosinha), e sentamos na parte traseira da van (que era como um mini caminhão de transporte). Quando sentei e olhei pra trás (eu ainda era cavalo), percebi que era uma van da Sadia, e pensei "fodeu, vão me matar e usar minha carne pra comer". Aí foi um momento de desespero, pois além do amontoado de carnes processadas perto da gente, dava pra ver um cara com touquinha de açougueiro, todo de branco, cortando carnes. Sabe aquele momento que você tenta avisar sem palavras à pessoa que está contigo de que vocês têm que sair do local depressa, de preferência antes que notassem que dois cavalos estão sentados na parte traseira da sua van? Então falei alto, como se quisesse justificar minha saída: "Ahh... Dom Helder já... Vamos descer aqui, só deixa parar...", como se falasse pra Luciana (sabe aqueles momentos que você fala alto e pisca o olho pra pessoa, fingindo não ter percebido se tratar de um açougue ambulante. Eis que o cara que estava cortando a carne percebe e empurra uma porta de vidro lateral que fecharia a parte de trás, prendendo-nos para a morte. Eu, malandramente, empurrei com minha pata de coice a porta, impedindo-a de fechar. Logo depois a van parou e eu desci. E lá estava eu, novamente na forma de homem, Fabiano, no asfalto, em pé, esticando a mão para a Luciana (na forma de mulher) descer. Eis que percebo que a van está parada em um buraco enorme, e por milagre ainda não caiu. Falei pra Lu pular mesmo, pra não cair no buraco, e tentava dar a mão a ela. Não alcançava. A coisa piora: por ela ter virado mulher de novo, e eu ter saído da van, desequilibramos a van, e a Luciana tinha que ficar numa posição certa para que a van não virasse. Eu falei para ela ir para a esquerda, onde eu estava, e deixar a van virar, e quando chegasse perto do chão ela pulava; mas pessoal que assistia tudo começou a falar que isso ia matar as pessoas dos carros próximos à van. Nisso, num desespero entre salvar a própria vida e as pessoas criticando (a van ia virar de qualquer jeito), Luciana pula e eu não consigo pegá-la. E tal qual uma mistura de boneco do hermes e renato com cgi feioso de filme trash z, Luciana desaparece no abismo sem fim da Dom Helder Câmara. E eu fico no desespero de que assistiu a essa morte e não conseguiu fazer nada.
Sonho mucho loco do dia.