terça-feira, 21 de julho de 2015

Tatuagem


Foi em uma sexta-feira. Acordei inspirado: estava apaixonado (It's friday, I'm in love!)! Mas sabe, quando a pessoa tá tão boba de amor que fica realmente idiota? Pois é. Pra completar a merda, olhei minha carteira: tava com dinheiro. Puta que pariu, fodeu! Podia ter acordado cheio de amor assim no final do mês, mas não... tava com dinheiro. Apaixonado e com dinheiro, coisa boa não acontece.
Pois é. Saí de casa, passei em frente a um estúdio de tatuagens. Entrei.
- Aí, quero fazer uma tattoo (falei assim mesmo, “uma tatu”... mó mongolice, uma intimidade inexistente com tatuagens... e menor ainda com agulhas).
A mulher me olhou de cima a baixo.
- Primeira vez?
Fiz que sim com a cabeça e abri um sorrisão.
- Trouxe desenho?
Parei, abri o maior sorriso que podia, olhei pra ela.
- Não, não. Vou tatuar o nome da minha amada. Tá vendo aqui, quero que feche do cotovelo até o punho!
A mulher deu um suspiro, que fez eu me achar muito idiota, mas como eu tava idiota mesmo, pensei que não era um suspiro que ia me tirar o foco dessa linda homenagem. Ela veio com um papo de “olha, tatuar o nome da pessoa é bom você ter certeza, porque tatuagem não sai, você tem que saber se é com isso que você quer marcar o seu corpo pra sempre, blablabla” e eu fiquei, firme e forte. QUERO TATUAR O MEU BRAÇO (ou antebraço, nunca sei) COM O NOME DELA. Ok. Ela concordou, perguntou qual era o nome.
- Luciana.
- Com ípsilon?
- Não, com “I” mesmo...
- Com dois enes?
- Não, um “N” só...
A mulher parou. Ela olhou pra mim, olhou para cima, pensativa. Olhou para minha cara de novo (agora eu estava espantado com ela).
- Não entendi. Tem “H” depois do “U”, ou depois do “A”?
- Não, não... É LUCIANA. L-U-C-I-A-N-A. Normal.
A mulher contraiu os lábios, balançou a cabeça para os lados, em tom de reprovação.
- Desculpa, senhor... Se não tem “Y”, “K” ou “W”, a gente até aceita fazer se tem letra repetida. Se não tiver nenhum desses, a gente ainda abre exceção para nomes com acento no lugar errado, ou “H” desnecessário... mas sem nenhuma exceção, não tem como tatuar um nome desses pra você.
Diante da minha cara de total espanto, procurando a câmera escondida do Silvio Santos em algum lugar naquela espelunca, ela ainda completou.
- O senhor já viu tatuado por aí “Mariana”, ou “Letícia”?
Na minha cabeça, só vinham flashes do trem na Central do Brasil, “Waldynéya”, “Anny Cleyde”.
- Luciana, só posso tatuar se for pelo menos com dois “N”... ou com “Y”!
Fiquei atordoado, levantei da cadeira, saí. Respirei fundo e percebi a merda que ia fazer. Saí com dinheiro no bolso ainda, com o braço limpo. Passei na Citycol e comprei um vestidinho pra ela. FELIZÃO!

Um comentário:

Luciana Almeida disse...

Haaaa quero uma homenagi de tatuaji!!