domingo, 20 de novembro de 2016

Miss Patada

Ela era apenas uma garota, com seus 15 anos. O corpo começava a moldar-se para mulher, e por ser gordinha, os peitos já se faziam ver, mesmo que não tão grandes. No momento da descoberta, acabava de sair de sua aula de dança, com uma calça legging justíssima, que acentuava as curvinhas incipientes de seu corpo, que indicavam a tendência pro formato "pêra"; mas a calça evidenciava algo além das curvas: a cavidade.
Gabriela fez o mesmo caminho rotineiro para chegar em casa, mas havia começado uma obra nessa rota, e ao passar em frente, um dos pedreiros que não haviam sequer sido notados pela menina, falou:
- Bucetão...
Demorou uns cinco segundos para Gabriela notar que era com ela, e mais uns dois para assimilar que sim, aquele cara havia falando "bucetão", e referindo-se a ela. Olhou para trás, e viu o peão rindo, cutucando o amigo do lado com o cotovelo. Voltou-se para si mesma. Olhou para baixo. Percebeu que a calça marcava-lhe a cavidade, e que isso "era feio". Caminhou os quinze minutos restantes envergonhada, tentando tapar a região pélvica como dava. Chegou em casa roxa de vergonha.
Revirando suas roupas, passou a perceber, no espelho, que tudo o que usava, ou quase tudo, realçava aquela parte de seu corpo. Jogou na internet: descobriu que chamavam de "pata de camelo", e lembrou-se de já ouvir essa expressão antes em sala de aula; provavelmente estavam zombando dela, e ela nem sabia. Passou a pensar em métodos para diminuir a atenção daquela parte: preenchia as partes laterais da pata, mas em vão, parecia chamar mais atenção ainda. Eram olhares de desconhecidos na rua, de amigos na escola, de pessoas na balada, eram palavras obscenas ditas a todo o momento na rua. Como as pessoas conseguem ser tão escrotas a ponto de não conseguir se conter e externar essas "cantadas"?
Após tentativas frustradas, e os anos passando, cada vez mais ganhava destaque, e ganhava admiradores broncos, e apelidos nojentos. E agora, a bunda estava maior também, e os assédios eram com menos pudor: não só verbal, mas alguns físicos. Teve momentos de não querer sair de casa, por conta das palavras e das passadas de mão, sarradas... Sarradas. Tinha raiva de como podia alguém achar legal passar o pau esfregando na pessoa. Era prazeroso? Não podia ficar na punheta em casa? Queria se vingar, mas sempre que reclamava, ouvia a desculpa: "O ônibus tá cheio!"; "Ué, quer conforto, vai de táxi", e outras desculpas esfarrapadas, pois sim, ela sabia que havia bastante espaço para esses tarados passarem sem esbarrar o pau (e se fosse pau mole pelo menos... mas era muita coincidência estar de pau duro num ônibus lotado, o que tinha de excitante nisso?).
Após mais uma discussão em um trem, onde, além do sujeito ter ficado olhando para sua "perseguida" (sim, tinha muito sentido esse apelido, infelizmente) o tempo todo, fez questão de, no lugar de sair pela porta que estava mais próximo, passar por trás dela, virando obviamente o lado do pau para esfregar em sua bunda, Gabriela foi para casa pensando em possibilidades de não passar mais por isso.
Sarrada. Sarrada. Isso a incomodava demais. Gabriela começou a esfregar levemente a mão em sua buceta, pensando que ela é quem controla o que pode passar por aqui ou não, e as palavras começaram a girar em sua cabeça, sarrada, pata de camelo, bunda, sarrada, pata, bucetão, sarrada... Cada vez mais com um pouco de raiva da humanidade por permitirem tais abusos com garotas, mulheres, ela foi se tocando, mas ao mesmo tempo, o ritmo foi ficando bom, e o que era antes apenas um toque de reconhecimento da área como sua, virou um frenesi gostoso, um mix de empoderamento e prazer, e ela não parou. E as palavras continuavam: sarrada, esfregar, buceta, minha, pata de camelo, sarrada, patada... É isso, patada! Em uma espécie de epifania, causada pelo furor do orgasmo e a raiva sentida, Gabriela viu claramente: o contrário de sarrada é patada. E no exato momento do orgasmo, enquanto dois dedos de uma mão ocupavam-se de fazer chegar la petit mort, no outro extremo, a ponta de um dos dedos segurava-se a um fio do abajur, e com a aproximação do momento máximo, a mão do fio foi deslizando, deslizando, e no momento do gozo, a mão trocou descargas elétricas com uma parte desencapada do fio, o que ocasionou um leve inchaço na buceta de Gabriela, e a fez morrer. Após quarenta e cinco segundos morta, Gabriela levantou como se acordasse de um pesadelo, ainda sentindo o prazer do gozo, com dois dedos ainda na buceta. Começou a ouvir vozes emboladas, que pareciam distantes, e também a sentir um cheiro estranho, como se o cheiro a alertasse para algo, mas decidiu que o acordar e o gozo máximo haviam sido o suficiente pelo dia de hoje.  Esqueceu até do ódio que sentia e foi dormir tranqüila, relaxada, do jeito que se dorme após um belo orgasmo.
No dia seguinte, ao sair para a rua, Gabriela percebeu que o cheiro estranho que sentiu na noite anterior era muito forte quando ela passava próximo a rodas de homens. Começou a prestar atenção que no momento que sentia o olfato mais sensível, sua audição começava a pegar vozes e isso a atormentava um pouco. Parou para relaxar, pois estava com dor de cabeça. Sentou-se em uma praça, e apenas permaneceu ali, de cabeça baixa. De repente, sentiu o cheiro novamente, e fechando os olhos, pôde identificar as vozes que surgiram: "que rabo dessa mina! Botava três vezes sem tirar!" Ao levantar a cabeça, espantada, percebeu que não havia ninguém próximo a ela, mas dois rapazes aproximavam-se dela, e olhavam para uma mulher que fazia alongamento em uma árvore próxima à Gabriela. Ao passarem, ela ouviu, como um déjà-vu: "que rabo dessa mina! Botava três vezes sem tirar!" E sentiu sua vagina inchar, a ponto de ficar marcando na calça onde ela estava. O barulho e o volume atraíram os olhares dos garotos, e um deles falou: "Mano! Que pata de camelo!!!" Gabriela instintivamente levantou-se, correu até o garoto, que esticou a mão e gesticulou com o dedo do meio. Gabriela pulou na mão do garoto, fechou a perna e sentiu que sua buceta esmagou o que antes chamava-se mão. Gritando apavorado, o menino saiu correndo, junto com o amigo, que embasbacado, não sabia sequer o que pensar do ocorrido. Gabriela não sabia, mas nascia a Miss Patada. O autor também não sabia, mas partiria firmemente para avacalhar mais um texto que poderia ter sido sério.
A jovem decidiu então treinar arduamente, fortalecer a musculatura. Fez algumas compras em sex shops, pesquisou um pouco na internet e em pouco tempo já estava praticando (e mestra em) pompoarismo hardcore agressivo, e ficou totalmente consciente dos poderes que tinha. Comprou shorts vermelhos em látex com elastano, que faziam mostrar quase que detalhadamente como em um mapa o desenho de seus lábios vaginais; e tops da mesma cor e material. Sim, qualquer super heroína deve obrigatoriamente ter seu uniforme, assim como qualquer autor deve saber a hora de parar um texto.
Gabriela matou diversas pessoas com patadas de camelo na cabeça, esmigalhou braços, pernas, castrou diversos homens, muitos paus castrados na patada. Mas era uma violência sexy, e... ei, o que é isso? TAUN! Pessoas, Gabriela está aqui, e acho que vou ter as mãos arrancadas por ter falado da buceta dela. TAUN! Ei! Calma, não sente na minha cara, é apenas literatura, de baixa qualidade, mas... HMMF... HMMMMF... Hmf... hmmmmm
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O autor na realidade, encheu o saco de escrever e espera, sinceramente, que vocês tenham enchido o saco de ler antes de chegar aqui, nesse ponto decadente. A vida não é fácil nem para heroínas e nem para quem não tem heroína para fugir da realidade.

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