quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Cazuza zaiu Jezbel!

Ando muito assustado.
Assustado mesmo, feito um pobre cachorro.
Um pobre cachorro louco.
Não, não... um pobre cachorro louco e solitário.
Melhor ainda... um pobre cachorro louco, solitário e aranhesco!
Sim! Pois meu cachorro tem 7 patas.
"Mas aranha não tem 8 patas?"
Até pode ser, mas a minha espécie só tem 7.
É uma dessas maravilhas que acontece no mundo
Assim como acontece na África:
As pessoas nascem sem músculos na barriga;
No lugar, espaço reservado aos vermes.
Se bem que a fome causa isso. E a fome é humana;
Muito humana (para não ser chamado de pseudo).

E agora estou aqui pensando em mim,
Um cachorro aranhesco aleijado geneticamente.
O mundo me reserva poucas opções, e muitas patas.
Me embolo até para andar!
Lentamente vou desejando algo...
Desejo que eu, mesmo sendo apenas
Um pobre cachorro aranhesco, louco,
Consiga me matar.
Mas como? Não consigo sequer
Andar para o meio da rua!
Permaneço sentado.
Mentalizo que eu vou conseguir
Alcançar meu objetivo,
De olhos fechados, apenas concentrado.
De repente, vejo uma luz forte
Mesmo de olhos fechados;
Abro lentamente as pestanas
E dou de cara com Deus. Ele me olha bravo e diz:
"Você não merece,
Pois é um animal, e não tem capacidade
Para acreditar em mim!
Mas vou lhe ajudar."
E sem entender como,
Uma de minhas patas se transforma em uma arma;
É uma arma com dois canos,
Para um tiro duplo, imagino.
Deus sorri para mim,
Feito o velho rico que dá dinheiro ao mendigo
Enquanto uma puta paga para ele
Um boquete de 200 reais em seu carro de luxo.
Ele acha que está sendo bonzinho.
Eu não.

Aponto minha pata-arma para Deus.
"Não acredito em você, velho safado!"
Dou-lhe dois tiros no meio da testa
E vejo seu rosto de dor;
Agora ele, que nunca existiu, se fodeu!
As crianças que me chutam
E me chamam de aberração
Brincam tranqüilas na praça.
Ninguém viu aquele filho da puta morrendo!

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Nota: O início desse texto comecei na volta do trabalho para a casa, caminhando. Foi tomando um rumo estranho, e ao que eu escrevo, percebo que fui altamente sugestionado a escrever sobre isso pelo livro que li semana passada, do Fausto Wolff. Mais exatamente a parte em que ele mata uma centopéia, que crê ser Deus. Eu não podia apagar o que eu estava escrevendo, estava surgindo na hora. Mas enfim, a quem interessar, o livro é "O Acrobata Pede Desculpas e Cai". Enfim, só para desencargo de consciência.

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