quinta-feira, 28 de abril de 2016

A vida em preto e branco

A luz que me ilumina enche o quarto de um branco assustador. As sombras formam-se gradualmente ao longe, mas não conseguem chegar perto e envolver-me.
Fui ensinado a temer a escuridão ao mesmo tempo em que desenvolvia um pensamento de acolher o que era rejeitado. A escuridão passou a ser um fetiche, uma busca insaciável do ato de apagar a luz.
Desenvolvi uma rejeição natural à iluminação, passei a planejar o momento de pressionar o interruptor; o difícil é parecer não ter motivo.
Gradualmente, os tons de cinza mais escuros prevalecem. Falta coragem de apagar a luz.
O negócio é fechar os olhos: ao me acostumar com o breu total, jogar uma pedra na lâmpada será tão natural quanto respirar.
Na ausência de luz, a parede mais branca é tão negra quanto petróleo.

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