quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Subjetividade

Está faltando subjetividade no mundo.
As pessoas não estão sabendo interpretar além das palavras, das imagens, estão guiando-se apenas pelo literal.
O retrocesso vem pela perda poética. Quando deixamos de interpretar palavras e imagens e nos prendemos a elas, não a o que elas remetem, perdemos a humanidade.
Se há racismo denunciado em uma obra, as pessoas acham que é uma obra racista. Se há pedofilia retratada, que é uma obra pedófila. E o contexto? A ironia aqui não pode mais estar presente, porque, ironicamente, perdeu-se.
Mas há salvação.
Por mais clichê que seja, a salvação está nas crianças.
Peguei uma faca de pão, estava na hora do lanche. Chamei Giovanna para comer.
- Eu não tô com fome agora, titio.
Apontei a faca para ela, com uma cara ameaçadora.
- Olha aqui, vai comer sim, senão eu te corto toda!
Ela riu.
- Não tá vendo que eu tô com a faca na mão? E você sabe que eu tenho um machado aqui, hein...
Ela riu mais ainda.
- Você não faria nada comigo. Você me ama.

Puta que pariu. Quando uma criança de 7 anos é mais inteligente do que todo um grupo de seres humanos imbecis que não conseguem ir além do óbvio, é porque estamos mal... mas há salvação.

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